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Blog da Tia Maryane

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

América portuguesa: Expansão e diversidade econômica

América portuguesa: Expansão e diversidade econômica PARA PENSAR HISTÓRICAMENTE

Economia e sociedade :Até que ponto nossa vida depende das condições materiais econômicas?
A vida de uma pessoa pode ser completamente diferente da vida de ¬outra pessoa que more na mesma cidade na mesma época, dadas as suas condições econômicas, educacionais e de classe social. E pode ter muitas semelhanças com a vida das pessoas de outros tempos.
Grande parte das características culturais das diferentes regiões brasileiras da atualidade resultou das condições da vida material e das atividades econômicas desenvolvidas ao longo da história colonial Neste capítulo, você poderá refletir sobre esses temas, no decorrer dos estudos sobre os acontecimentos políticos e econômicos do Brasil no período colonial.


  

As invasões de Nações Européias

Desde a chegada de Cabral, o domínio português sobre sua colônia na America foi ameaçado por outros países europeus. Nem mesmo a instauração dos governos gerais em 1549 e a implantação bem sucedida do empreendimento açucareiro conseguiram afastar as incursões estrangeiras que, ao contrário aumentaram nos séculos XVI e XVII. A União Ibérica (1580 – 1640), período em que Portugal e suas colônias passaram a integrar as posses da Espanha, atraiu para o Brasil os inimigos europeus dos castelhanos, descontentes com sua hegemonia, sobretudo os franceses e holandeses.  

Os franceses, após terem realizado o contrabando de pau-brasil no litoral brasileiro no inicio do Início do século XVI fundaram, em 1555,uma colônia no Rio de Janeiro; a França Antártica. Foram expulsos pelo governador geral Mem de Sá, em 1567, mas intensificaram sua presença no nordeste brasileiro. Tentaram estabelecer no Maranhão uma nova colônia, a França Equinocial. Também essa tentativa fracassou. 

Em decorrência da União Ibérica, os holandeses estenderam sua inimizade pelos espanhóis as colônias do império português. Nos Países Baixos, que na época também incluíam o território da atual Bélgica, o desenvolvimento comercial e a adoção do protestantismo calvinista pela maioria da população levaram as elites mercantis flamengas a lutar pela au¬tonomia política diante do domínio espanhol e católi¬co. Em 1581, obtiveram a independência.

A luta com os Países Baixos enfraqueceu o poderio espanhol. Após uma trégua, os Países Baixos retomaram a ofensiva militar, fundando, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais, destinada a controlar o comércio do açúcar brasileiro e apossar-se dos domínios ibéricos na costa americana e africana. Depois de uma tentativa frustrada de invadir Salva¬dor, em 1630, os holandeses organizaram uma grande expedição que atacou a principal área açucareira da America portuguesa, a região de Olinda e Recife, onde permaneceram por quase 25 anos.

O domínio holandês na Colônia portuguesa estendeu-se desde o litoral do atual Maranhão até o território que hoje corresponde ao Sergipe. Para administrá-lo foi nomeado o conde Mauricio de Nassau, que permaneceu no cargo entre 1637 e 1644. Preocupado em normalizar a rica produção açuca¬reira, o conde conseguiu a colaboração de muitos senhores de engenho, concedendo-lhes emprésti¬mos que permitiram o aumento da produtividade. Ele também trouxe artistas e cientistas da Europa, concedeu liberdade de credo e modernizou Recife urbanisticamente.

Os últimos anos da administração de Nassau foram de muitas dificuldades. Com a queda de preço do açúcar no mercado europeu, perda de safras por incêndios, pragas e inundações e falência de muitos senhores.

A Companhia das Índias Ocidentais, apesar de todas essas dificuldades, determinou a cobrança integral das dívidas dos senhores de engenho, com juros elevados. Nassau, contrário as medidas e acusado de mau uso dos recursos, entregou o cargo, decidindo voltar a Europa. Com a saída de Nassau, aumentou o confronto dos senhores de engenho com a Com¬panhia. Antes mesmo que ele deixasse o Brasil, a luta ¬havia se intensificado no Maranhão, culminando com a expulsão dos holandeses de São Luis. A insurreição alastrou-se pelo nordeste, atingindo Pernambuco em 1645. Eclodiu então o movimento que expulsou definitivamente os holandeses, a Insurreição Pernambucana (1645-1654).

Inicialmente os colonos não contaram com a ajuda do reino de Portugal. Apenas depois das primeiras vitórias o movimento foi ganhando apoio e reforço metropolitanos. A luta, que tinha entre seus lideres negro Henrique Dias e o indígena Filipe Camarão, se fortaleceu com a adesão dos senhores de engenho às forças populares.

Os holandeses foram obrigados a concordar com a Paz de Haia, assinada em 1661. Sob intermediação inglesa, reconheceram o domínio colonial luso em troca de uma indenização. Simultaneamente, aumentavam os vínculos entre Portugal e Inglaterra.
Expulsos do nordeste brasileiro, os holandeses implantaram a empresa açucareira em seus domínios coloniais nas Antilhas, a partir de onde passaram a concorrer com vantagem sobre o açúcar brasileiro, já que eles haviam aprendido as técnicas de cultivo da cana e de produção do açúcar. Isso provocou a primeira crise da economia colonial, levando o nordeste à perda de sua supremacia econômica na Colônia.
 
Postado por  Maryane Cavalcante de Sousa. Copiado na integra do livro HISTÓRIA    Geral e do Brasil :Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorico 2..Capítulo 7 



 Outras atividades e expansão territórial:

 
Apesar da importância da empresa açucareira para a política 
colonizadora  portuguesa,  eram  realizadas  outras  atividades  que
atendiam  às  necessidades  da  população  colonial,  chamadas
atividades  secundárias  ou  acessórias,  destinadas  tanto  à
exportação quanto à subsistência dos colonos, como os cultivos
de  mandioca,  tabaco,  algodão  e  a  produção  de  aguardente  e
rapadura. 
A  mandioca  estava  na  base  da  alimentação,  especialmente 
dos  escravos,  e  sua  produção  chegou  a  ser  imposta  aos
senhores a fim de evitar crises alimentares, que poderiam afetar
a  população  e  comprometer  o  projeto  colonizador.  Essa
imposição  era,  contudo,  normalmente  desrespeitada  pelos
proprietários,  que  não  se  mostravam  interessados  em  desviar
esforços  e,  sobretudo,  mão-de-obra  da  produção  do  açúcar,
atividade muito mais lucrativa. 
O  fumo,  produzido  sobretudo  na  Bahia,  era  importante 
moeda  de  troca  no  comércio  de  negros  escravos  nas  regiões
africanas.  Chegou  a  representar  a  segunda  maior  receita  de
exportação  agrícola  da  colônia.  Sua  importância  econômica  e  o
fato de exigir menos terra e menos mão-de-obra para seu cultivo
atraíram  inúmeros  lavradores,  especialmente  entre  o  final  do
século XVII e início do XVIII. A partir do século XVII, a produção do tabaco, realizada principalmente por brancos, passou a contar
com  30%  de  mulatos  e  negros  livres;  de  qualquer  forma,  nunca
foi  uma  atividade  da  elite  colonial:  dedicavam-se  a  ela  os
segmentos menos poderosos da sociedade. 

A  produção  de  aguardente  e  rapadura,  embora  reduzida, 
também  era  muito  importante  na  troca  por  escravos  africanos,
sendo  realizada  principalmente  no  litoral  de  São  Vicente.  O
cultivo  de  algodão,  mais  intenso  no  Maranhão,  estava  ligado
inicialmente  à  confecção  das  roupas  dos  escravos,  já  que  os
senhores  e  suas  famílias  usavam  tecidos  vindos  da  Europa.
Porém, logo se transformou em produto de exportação. 
A  pecuária  e  a  extração  das  drogas  do  sertão,  atividades 
ditas  secundárias,  foram,  juntamente  com  as  expedições
militares  contra  invasores  estrangeiros  e  em  busca  de  metais
preciosos  e  índios,  decisivas  para  a  ocupação  do  interior
brasileiro e a ampliação das fronteiras da colônia.Nesses deslocamentos,os Colonos enfrentavam muitas dificuldades.Era comum levar indígena como guia.Para se alimentar saqueavam plantações de outros grupos indígenas,ou então plantavam gêneros alimentícios para colher de volta da expedição.Com o tempo,os habitantes dos povoados passaram a se fixar próximos dos caminhos,para oferecer pouso e alimentação,abrigando as pessoas e os animais usados no transporte.Os perigos eram muitos: animais ferozes ou venenosos,insetos,carrapatos morcegos aranhas e a resistência indígena manifestada em ataques e emboscadas..Os Caiapós,por exemplo,chegaram a viver do ataque  e saque a expedições comerciais ,fluviais que se embrenhavam pelo interior.


A ocupação do nordeste e da regiao amazônica
A criação de gado nasceu próximo aos engenhos, como uma 
atividade  complementar  da  rica  empresa  açucareira,  e  deixou
pouco  a  pouco  o  litoral  para  se  transformar  num  importante
elemento  de  ocupação  do  interior  das  capitanias  do  nordeste.
Embora sua importância econômica fosse muito menor que a do
açúcar,  a  pecuária  oferecia  a  força  motriz  dos  engenhos,  um
meio  de  transporte,  alimento  e  couro,  usado  na  confecção  de
roupas,  calçados,  móveis  e  outros  utensílios  tanto  para  os
moradores dos engenhos, como para as populações das vilas. 
A  criação  extensiva  do  gado,  solto  nas  terras,  demandava 
sempre  novas  pastagens,  o  que  favoreceu  seu  avanço  pelo
sertão. Já no século XVII, a atividade dos vaqueiros alcançava as
capitanias do Ceará e Maranhão, ao norte, e as margens do Rio
São  Francisco,  ao  sul,  regiões  onde  surgiram  importantes
fazendas de gado, chamadas currais. 
A  criação  de  gado  deslocou-se  para  o  interior  do  nordeste 
não  só  em  busca  de  melhores  pastagens,  mas  também  para
evitar  que  os  animais  destruíssem  os  canaviais.  Essa  migração
originou fazendas com 200 a 1 mil cabeças e até com mais de 20
mil animais. Numa estimativa do início do século XVII, o rebanho
nordestino  correspondia  a  cerca  de  650  mil  reses,  dobrando  de
número no princípio do século seguinte. 
A  atividade  pecuarista  utilizava  principalmente  trabalhadores 
livres, como mestiços de indígenas e negros. Como pagamento,
normalmente  recebiam  uma  cria  para  cada  quatro  animais
criados  ao  longo  de  cinco  anos,  o  que  servia  de  estimulo  ao
vaqueiro. As dificuldades geradas pela crise açucareira atraíram
muitos  colonos  de  extratos  sociais  inferiores  para  a  pecuária.
Assim, em contraste com a sociedade do açúcar, essa atividade
permitia mobilidade social. 
No  início  do  século  XVIII,  a  necessidade  de  abastecimento 
alimentar e de transporte para a empresa mineradora no centro-
sul da colônia impulsionou a pecuária nordestina e a atividade de
criação sulina na região. 
O  combate à  presença estrangeira,  especialmente  durante a 
União Ibérica, também contribuiu para a ocupação do interior do
nordeste  e  da  região  amazônica.  As  fortificações  construídas
pelas  expedições  militares,  organizadas  para  combater  as
invasões,  transformaram-se,  com  o  tempo,  em  importantes
cidades  da  região,  como  a  fortaleza  de  Filipéia  de  Nossa
Senhora  das  Neves,  fundada  em  1584,  na  Paraíba,  que  se
transformou  na  atual  João  Pessoa,  e  o  forte  dos  Reis  Magos
(1597),  no  Rio  Grande  do  Norte,  embrião  da  atual  cidade  de
Natal. 
Na  região  amazônica,  o  governo  da  União  Ibérica  decidiu 
criar o Estado do Maranhão que começava no Ceara próximo ao cabo de São Roque  e  ia  até a fronteira setentrional,ainda indefenida,do Pará  .Belém passou a ser uma base para repelir as investidas estrangeiras que colocavam em risco o acesso às minas de prata  espanholas da região do Peru. 
A ocupação do Amazonas contou ainda com apresadores de 
indígenas  e com  jesuítas,  fundadores  de  dezenas  de aldeias  de
catequese.  Contudo,  a  principal  base  econômica  para  a  ocupação da Amazônia foi a coleta de recursos florestais- as drogas do sertão,como cacau,baunilha,guaraná e ervas medicinais e aromáticas- administradas pelos jesuítas que utilizavam o conhecimento e a mão de  obra indígenas.Uma das motivações para a exploração das drogas nativas foii a perda do espaço dos portugueses no comércio de especiarias da Ásia.
Como em outras partes da Colônia , a  ocupação da região norte encontrou resistências dos nativos..
Nem todos os grupos indígenas  eram hostis aos colonizadores:muitas nações se aliaram a coroa,combatendo estrangeiros e outros grupos nativos,como aliás ocorreu em toda a América portuguesa. Os conquistadores portugueses preferiam ter as nações indigenas a seu lado,e não lutando contra eles.