Tenho apenas os meus sonhos, esplhei-os então aos teus pés. Caminha com cuidado pois pisas sobre os meus sonhos!
Willian Butter Yeats
sábado, 17 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Metade
No meu orkut,quando fui prencher quem sou eu,escolhi uma música que me define muito bem:metade de Oswaldo Montenegro....eu chamo de minha música,escuta-la me faz um bem....é algo mágico... sou metade :
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta
a uma mulher inundada de sentimentos
a uma mulher inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão.
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
A MAGIA DA MÚSICA
A MAGIA DA MÚSICA
Entre as maravilhas que temos
disponíveis e que, sem dúvida,
para cada um traz uma sensação
diferente, é a Magia da Música...
Quantas vezes estamos ocupados
nos afazeres do dia a dia e ao ouvir
uma música paramos, ficamos imóveis,
mas apenas de corpo, pois nossa mente
flutua para lugares e épocas distante, e
um arrepio invade nossa pele, isso se
chama...
EMOÇÃO!!!
Não tem importância qual o seu ritmo
ou idioma, e sim, que ao ser ouvida nos
trasmita um bem estar capaz de acelerar
o coração e muitas vezes, nos fazer
transpirar, pelas lembranças de momentos
vividos ou perdidos, não importa, o que
importa é que temos a oportunidade de nos
proporcionar um replay de Nossa Vida...
- Airton Ferreri
O grito do Ipiranga aconteceu como no quadro?
O grito do Ipiranga aconteceu como no quadro?
O quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, também conhecido como Grito do Ipiranga, é o principal símbolo da proclamação da Independência do Brasil, que é comemorada em 7 de setembro. A imagem, no entanto, não é exatamente uma fotografia do momento em queD. Pedro 1º recebeu a carta que o deixou irado e o levou a pronunciar a famosa frase: “Independência ou Morte”.
Enquanto a independência do Brasil foi proclamada em 1822, Pedro Américo só foi terminar de pintar o quadro em 1888, em Florença, na Itália. A obra foi encomendada pela Família Real, que investia na construção do Museu do Ipiranga, hoje oficialmente chamado Museu Paulista, que fica em São Paulo (SP). A idéia era ressaltar a monarquia - que já estava cambaleando e caiu em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República.
Pedro Américo era um pintor histórico, que foi autor de outras obras com o mesmo cunho, como Batalha do Avaí, que retrata um dos eventos da Guerra do Paraguai. Também nesse caso, ele não estava presente. Assim, o Grito do Ipiranga é um quadro simbólico como várias outras pinturas históricas espalhadas pelo mundo.
Para conhecer o que é ficção e o que é história no quadro de Pedro Américo, basta passar o mouse pela ilustração.
Além das questões levantadas acima, Pedro Américo também é acusado de plagiar outro quadro histórico. Trata-se de "1807, Friedland", de Ernest Messonier, pintado em 1875 e que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome. Clique aqui para conhecer a obra de Messonier e faça seu próprio julgamento.
A carta que irritou Dom Pedro era das cortes portuguesas que pediam a volta imediata dele para Portugal. Na verdade, era uma resposta às atitudes anteriores do futuro imperador brasileiro. Em 9 de janeiro daquele ano (conhecido como o Dia do Fico), Dom Pedro tinha recebido outra carta das cortes de Lisboa exigindo seu retorno. A reação do príncipe foi recusar a proposta e começar as reformas no Brasil, convocando uma assembléia constituinte, obrigando tropas portuguesas a saírem da colônia entre outras medidas. Os portugueses reagiram intimando-o a voltar. Dom Pedro decidiu, então, proclamar a independência naquele exato momento. |
Artigos relacionados
- Por que 9 de julho é feriado em São Paulo?
- Por que comemoramos o Dia do Trabalho?
- 4 de julho – Dia da Independência dos Estados Unidos
O outro lado da independência
O outro lado da independência
Nesta quarta feira o Brasil estará comemorando mais um sete de setembro. Quem pesquisou profundamente História do Brasil, principalmente o nosso 07 de setembro, sabe muito bem que a famosa tela de Pedro Américo, retratando a cena do Ipiranga, estampada em todos os livros desta matéria, nada mais é que um fhotoshop. Na realidade, o cavalo não era cavalo (era uma mula), nem o uniforme era de gala (o regente vestia roupa simples de viagem). E, foi no alto da colina e não às margens do Ribeirão Ipiranga que D. Pedro emitiu um desabafo, declarando a Independência do Brasil.
Outro fato curioso (e que teve outra versão) é que, junto a ele, estavam apenas dois mensageiros e quatro cavaleiros que faziam um “paredinha”, enquanto mais uma vez o regente se aliviava de um problema estomacal fecundo, causado pelas costelinhas de porco que comera na noite anterior em Santos, na casa dos Andradas.
Independentemente destes fatos, a Independência do Brasil foi um “arranjo político”. Ela implicou uma acirrada luta social. Várias camadas sociais disputavam a liderança, desejando imprimir ao movimento libertador o sentido que mais convinha e interessava a cada uma. No final, venceu a aristocracia rural dos grandes proprietários escravistas.
Pelo que se sabe, não houve derramamento de uma gota de sangue, apenas um grito, o do Ipiranga. A partir daquele momento, teria marcado na História do Brasil a ruptura com a tutela portuguesa... Da mesma forma que, hoje, somos soberanos em relação ao FMI.
O saudoso ministro da era Vargas, Gustavo Capanema, costumava dizer que na política existem fatos e versões. E o que vale são as versões! Na Independência do Brasil, a história ficou com a versão do fato.
Era normal, nas minhas aulas de História, polemizar se o grito decorreu do sonho de uma pátria independente ou da ambição de um império tropical. Até hoje fica o grito parado no ar, eternizado em rostos das figuras do nosso mestre Portinari, no romanceiro de Cecília Meireles, no samba agônico de Chico Buarque, no coração desolado das sofridas mães brasileiras.
Sob o grito da independência ressoam os gritos dos índios trucidados pela aristocracia rural colonizadora brasileira, que encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.
A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases socioeconômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas. O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.
O grito dos excluídos ecoa neste mês dos 189 anos da independência. Ecoa na contramão dos caminhos que restauram o passado, traçados por aqueles que ainda incensam a ditadura e reforçam o apartheid social. Ecoa indignado sobre a avalanche de corrupção que ameaça nossa democracia. Ecoa por clamor de ética na política, transparência nos poderes constituídos e severa punição aos que traem os anseios do povo, inoculando-nos o medo de ter esperanças.
Hoje, sabe-se muito bem que a nossa independência se deu muito mais por interferência velada de Dona Leopoldina que propriamente pelo esforço de seu marido. Mas isso é uma outra história.
Mas independência não é só isso.
Independência nós temos que fazer todos os dias, com crianças nas escolas e fora dos faróis vermelhos das ruas, com muita ética na política brasileira, sem preconceitos sob todas as formas. Independência é um país distribuindo terras improdutivas sem privilégios, demagogias e batalhas medievais, preservando suas florestas e matas. Independência é uma melhor distribuição de renda, direitos iguais para todos e não só privilegiando alguns. Independência é...
É isso.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Mudanças
http://youtu.be/qAG5zIQlehI
Vanusa - Mudanças
Hoje eu vou mudar
Vasculhar minhas gavetas
Jogar fora sentimentos e
Ressentimentos tolos
Fazer limpeza no armário
Retirar traças e teias
E angustias da minha mente
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas
Deixar de ser menina...
Pra ser mulher
Hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Pra ser o que sou sem medo
Dançar e cantar por habito
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos
Parar de dizer
"não tenho tempo pra vida"
Que grita dentro de mim...
Me libertar
( parte declamada)
Hoje eu vou mudar
Sair de dentro de mim
Não usar somente o coração
Parar de contar os fracassos
Soltar os laços
E prender as amarras da razão
Voar livre
Com todos os meus defeitos
Pra que eu possa libertar os meus direitos
E não cobrar dessa vida
Nem rumos e nem decisões
Hoje eu preciso e vou mudar
Dividir no tempo e
Somar no vento
Todas as coisas que um dia sonhei conquistar
Porque sou mulher como qualquer uma
Com dúvidas e soluções
Com erros e acertos
Amores e desamores
Suave como a gaivota
E ferina como a leoa
Tranquila e pacificadora
Mas ao mesmo tempo
Irreverente e revolucionária
Feliz e infeliz
Realista e sonhadora
Submissa por condição
Mas independente por opinião
Porque sou mulher
Com todas as incoerências
Que fazem de nós...
O forte sexo fraco.
Vasculhar minhas gavetas
Ressentimentos tolos
Fazer limpeza no armário
Retirar traças e teias
E angustias da minha mente
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas
Deixar de ser menina...
Pra ser mulher
Hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Pra ser o que sou sem medo
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos
Parar de dizer
Que grita dentro de mim...
Me libertar
( parte declamada)
Hoje eu vou mudar
Sair de dentro de mim
Não usar somente o coração
Parar de contar os fracassos
Soltar os laços
E prender as amarras da razão
Voar livre
Com todos os meus defeitos
Pra que eu possa libertar os meus direitos
E não cobrar dessa vida
Nem rumos e nem decisões
Hoje eu preciso e vou mudar
Dividir no tempo e
Somar no vento
Todas as coisas que um dia sonhei conquistar
Porque sou mulher como qualquer uma
Com dúvidas e soluções
Com erros e acertos
Suave como a gaivota
E ferina como a leoa
Tranquila e pacificadora
Mas ao mesmo tempo
Irreverente e revolucionária
Feliz e infeliz
Realista e sonhadora
Submissa por condição
Mas independente por opinião
Porque sou mulher
Com todas as incoerências
Que fazem de nós...
O forte sexo fraco.
"Tu és uma gaveta, és a gaveta no quarto onde te guardo. Eu sou o arrependimento, a mágoa, a garganta com espinhos, tu és uma gaveta. Eu sou mil presentes, mil e uma memórias de boas acções. Tu és uma gaveta. Tudo o que me deste cabe numa gaveta e não me deixou esquecer. Tudo o que te dei assalta-te os sentidos e ainda assim não te lembras. O amor dura enquanto a memória arde."
(Desconheço autoria)
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Cuba de quintal à ameaça aos Estados Unidos
A ilha localizada no mar do Caribe viu sua população nativa ser dizimada, enfrentou a dominação espanhola e a intervenção norte-americana até aderir ao sistema socialista, após a Revolução Cubana de 1959
POR MARIA TERESA TORÍBIO B. LEMOS
Na página ao lado: Fidel Castro discursa em Washington, em 15 de abril de 1959 (à esquerda); Raúl Castro e Che Guevera, em Cuba, 1958 (à direita) POLÍTICA FUNDO: SHUTTER STOCK / FOTOS:
Pintura da ilha de Cuba feita pelo cartógrafo holandês Johannes Vingboons (1616-1670)
O arquipélago cubano, situado entre o Golfo do México, o Mar das Antilhas (Caribe) e o Oceano Atlântico, distante apenas 180 quilômetros do Estado norte-americano da Flórida, abrange as ilhas de Cuba, Pinos e cerca de 1.600 ilhotas. Cuba é a maior das ilhas, com uma superfície de 110.992 km². A capital, San Cristóbal de la Habana, foi fundada em 25 de julho de 1515 por Diego Velázquez (1599-1660), primeiro governador da ilha.
Desde o século XVI, Cuba vem desempenhando relevante papel na história americana - antes pela sua posição estratégica, como núcleo irradiador da conquista espanhola, e, a partir da Revolução Cubana (1959), pelas posições adotadas em relação aos Estados Unidos. Descoberta por Cristóvão Colombo (1437-1506) em sua primeira viagem, em 27 de outubro de 1492, a ilha de Cuba recebeu primeiramente o nome de Juana, em homenagem a Juan de Castilla, herdeiro do trono espanhol que morrera em 1487. A partir daquela data, o território teve várias outras denominações, prevalecendo a de Colba, nome nativo, e registrado como Cuba, por Colombo, em seu Diário de Navegação. A procedência desse nome indica os topônimos indígenas coabaí ou cubanacan.
Naquela viagem, Cristóvão Colombo explorou parcialmente o litoral norte da ilha. Na segunda viagem, dirigiu-se para o sul em uma expedição de reconhecimento do litoral, quando encontrou a ilha de Pinos, que recebeu o nome de San Juan Evangelista. Ao atingir a ilha de Cuba, Colombo imaginou ter descoberto um continente. Para configurar a descoberta de terra firme, redigiu uma ata que foi assinada pela tripulação de sua nau, confirmando ter chegado à Ásia. Esse engano foi desfeito com a viagem de circunavegação realizada em 1508, por Nicolas de Ovando (1460-1518).
EXPLORAÇÃO E EXTERMÍNIO DA POPULAÇÃO NATIVA
Em 1512, Diego Colombo (1480-1526), filho primogênito de Colombo, encarregou o comandante Diego Velázquez da conquista e exploração da ilha. Velázquez encontrou forte resistência indígena liderada pelo cacique Hatuey, que já se confrontara anteriormente com os espanhóis no Haiti. Após sangrenta batalha, Hatuey foi derrotado e queimado vivo por ordem de Velázquez.
A produção de tabaco e a economia açucareira assumiram papel de destaque na reserva cubana
A colonização foi brutal, seguindo os mesmos mecanismos da conquista. Os grupos indígenas tainos e os siboneyes, que se encontravam em Cuba, originários da Flórida, foram submetidos a trabalhos compulsórios e escravizados até a extinção.
Após a etapa da conquista, a ilha de Cuba, centro irradiador da conquista, além de base e escala para as frotas que faziam o comércio entre a Espanha e o Novo Mundo, foi beneficiada por algumas décadas do apogeu produzido pela exploração do ouro de lavagem. No final do século XVI, a maior ilha das Antilhas foi perdendo a sua expressão econômica. Tornou-se local de piratas, bucaneiros e flibusteiros (piratas do mar das Antilhas), entre outros aventureiros que vinham para o Novo Mundo.
Batalha de Santo Domingo na versão do pintor polonês January Suchodolski (1797-1875)
ECONOMIA E MÃO-DE-OBRA NEGRAEm meados do século XVI, com o esgotamento dos metais preciosos, a produção do tabaco e a economia açucareira assumiram papel de destaque na reserva cubana, prosseguindo até o século XVIII. Desenvolvido desde 1610, o comércio do tabaco assumiu grandes proporções a partir do século XVIII. Posteriormente, com a produção açucareira, a ilha readquiriu sua importância econômica.
O lucro produzido pelas vegas (terras plantadas com tabaco) alertou a Espanha para a riqueza da produção. E, em 1716, a metrópole decretou a Lei do Estanco, monopólio sobre a produção do tabaco. Com aquelas medidas restritivas originadas pelo estanco sobre o comércio do tabaco, os vergueiros (proprietários de tabaco) ficaram impedidos de vender livremente sua produção. Revoltados, iniciaram movimentos de rebelião que levaram seus líderes à forca, em 1723, enquanto outros pequenos produtores se transferiram para o Oriente da Ilha e Pinar del Rio, longe da fiscalização, para fugir do monopólio real.
Os nativos da ilha foram submetidos a trabalhos compulsórios e escravizados até a extinção
O comércio realizado pelas companhias espanholas, especialmente a Compañia de Habana, trouxe grande riqueza e poder aos proprietários de terra da ilha, principalmente aos comerciantes de tabaco e açúcar, além do tráfico de escravos africanos, importados para as plantations do Novo Mundo.
No século XVIII, Cuba se beneficiou da revolução negra no Haiti, que paralisou a produção de açúcar e destruiu os engenhos. Além de ocupar a posição desfrutada anteriormente pelo Haiti, Cuba incorporou a experiência técnica dos refugiados haitianos que entraram em seu território, beneficiando, dessa forma, os produtores e comerciantes locais. Graças à mão-de-obra negra, a economia açucareira tornou-se a principal riqueza do país.
Os escravos negros da África chegaram ao Novo Mundo junto com a expedição de Colombo. A nau de Pedro Alonso Niño (14681505), em 1502, trazia negros escravos para a exploração das novas terras. Na medida em que a colonização avançava e a resistência indígena atravancava a exploração de metais preciosos, o recurso era a mão-de-obra negra, barata e abundante. Com a eliminação dos indígenas, o tráfico se intensificou. Além de atender aos proprietários, Cuba também atuava como mercado revendedor de escravos para as demais colônias da América.
AS LUTAS PELA EMANCIPAÇÃO
Cuba durou cerca de quatro séculos. As ondas revolucionárias que assolaram as colônias espanholas na América também atingiram Cuba. A história das lutas de independência da ilha é marcada pela violência, intrigas internacionais e intervenções dos EUA. Sob a influência dos movimentos revolucionários das colônias espanholas, um grupo de criollos cubanos e espanhóis de tendência liberal iniciou um movimento conspiratório contra o domínio colonial, que foi sufocado e seus líderes condenados à morte.
Entre 1834 e 1838, diversas conspirações foram duramente rechaçadas pelas tropas comandadas pelo general Miguel Tacón y Rosique (1777-1855). De 1838 até 1868, os movimentos revolucionários se tornaram menos freqüentes, cedendo lugar às idéias anexionistas. Apoiados por espanhóis liberais e mesmo militares e políticos venezuelanos radicados em Cuba, os criollos enriquecidos passaram a defender a anexação de Cuba aos Estados Unidos.
Retrato do espanhol Diego Velázquez de Cuéllar (1465-1524), conquistador de Cuba
Vários líderes favoráveis à anexação de Cuba aos Estados Unidos, como Narciso López (1797-1851), militar e político venezuelano residente em Cuba, Joaquín de Agüero (1816-1851), de Porto Príncipe, e Isidoro Armenteros, de Trinidad, foram derrotados. Os dois últimos foram fuzilados e Narciso López, condenado ao suplício do garrote. Outros revolucionários foram supliciados e garroteados.
Nos Estados Unidos, os Estados do norte, contrários à escravidão, eram desfavoráveis à idéia da anexação de Cuba, pois acreditavam que o apoio a Cuba reforçaria a posição dos Estados escravistas do Sul. Os nortistas estavam mais preocupados com os conflitos internos de seus Estados às vésperas da Guerra de Secessão (1861-1865), que envolvia a escravidão como problema crucial.
As rebeliões na ilha recrudesceram após 1868, quando Carlos Manuel de Céspedes y Borja (1819-1874), proprietário de engenho de açúcar da região oriental de Cuba, iniciou a rebelião conhecida como A Guerra dos Dez Anos. Foi uma revolução sangrenta, na qual o número de mortos foi muito grande. O movimento contou com o apoio dos laborantes da região ocidental da ilha, controlada pelos espanhóis em Havana.
Em 10 de abril de 1869, em Guaimáro, reunidos em assembléia nacional, os revoltosos reconheceram a república em armas, ocasião em que indicaram Manuel Céspedes como presidente dos revolucionários. Os rebeldes receberam apoio informal do México, da opinião pública norteamericana e especialmente do governo do General Ulysses Grant (1822-1885), comandante-emchefe das tropas nortistas durante a Guerra de Secessão e 18º presidente dos Estados Unidos, entre 1868 e 1876.
A reação espanhola foi imediata. Tropas foram enviadas à ilha e, em 1873, Manuel Céspedes foi deposto. Os rebeldes ainda resistiram por mais alguns anos, mas a Espanha retomou o controle da ilha, em 1878.O período posterior, entre 1878 e 1895, conhecido como trégua profunda, caracterizou-se pelo predomínio do Partido Autonomista, que divergia substancialmente dos rebeldes separatistas. O Partido acreditava alcançar maior autonomia para o país de forma pacífica. Mas devido às dificuldades de interlocução com a Espanha, aquelas idéias pacifistas não vingaram.
No topo, imagem sobre a independência de Cuba, publicada na revista satírica espanhola La Flanca, em 1873; acima, a Rough Riders, cavalaria voluntária dos Estados Unidos, ataca em San Juan, em Cuba
O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Apesar dos sucessivos fracassos, as idéias revolucionárias continuavam a dominar os insurgentes. Em 1887, José Martí (1853-1895) tornou-se o principal representante dos independentistas cubanos exilados nos Estados Unidos. Em 1891, Martí organizou o Partido Revolucionário Cubano e aliou-se ao líder revolucionário Máximo Gómez (1836-1905), refugiado em Santo Domingo, atualmente capital da República Dominicana, e conseguiu que ele aceitasse chefiar a invasão a Cuba. A cidade de Nova York tornouse o centro das conspirações. Lá, reuniam-se os cubanos emigrados para planejar a invasão. Martí também angariou junto aos companheiros recursos para o movimento.
A rebelião começou em Cuba, com o Grito de Baire, e a seguir com o Manifesto de Monticristi, firmado por Martí e Gómez, ainda em Santo Domingo. Na ilha, juntaram-se aos revolucionários comandados por José Maceo (18491896) e seu irmão, que voltou da Costa Rica para a revolução. Em Dos Rios, logo após o início da rebelião, José Martí foi ferido mortalmente em uma das batalhas.
A morte daquele líder e a violenta repressão espanhola, que causou mais de 50 mil vítimas, enfraqueceram os revoltosos. Diante da gravidade da situação, o governo espanhol concedeu, em 1897, autonomia a Cuba e Porto Rico. Os revolucionários recusaram essa concessão e os conflitos recrudesceram. Cuba só se tornou independente da Espanha em 1898.
Imagem de 1960, das bandeiras de Cuba e dos Estados Unidos, simboliza o exílio cubano. Depois da revolução de 1959, muitos habitantes da ilha foram para o território norte-americano em busca de outras alternativas políticas
A INTERVENÇÃO NORTE-AMERICANA
Os comerciantes e os proprietários das fazendas de açúcar norte-americanos, residentes em Cuba, ficaram temerosos com os prejuízos causados pelos incêndios e devastações nas plantações de cana-de açúcar. Apoiados pela opinião pública norte-americana, aceitaram as medidas de intervenção dos Estados Unidos na ilha.
Em 1899, a ilha de Cuba foi ocupada pelos norte-americanos, que nela permaneceram até 1902. Em 1901, foi redigida a primeira constituição cubana, na qual os EUA incorporaram a Emenda Platt, que facultava aos Estados Unidos a intervenção na ilha para a preservação de sua independência.
Do início do século XX até o primeiro governo de Fulgencio Batista (1901-1973), entre 1940 e 1944, sucederam-se, no governo cubano, vários presidentes apoiados pelos Estados Unidos. Na qualidade de nação dependente e periférica, Cuba foi considerada o quintal dos EUA, cidade de jogos, cassinos e prostituição.
Apesar daquela situação, o primeiro governo de Batista foi considerado bom, devido às obras públicas, equilíbrio das finanças, rigor e ordem social. A economia açucareira registrou índices favoráveis no mercado internacional. Já os governos seguintes, de Grau San Martin (1887-1969), entre 1933 e 1934, e, novamente, entre 1944 e 1948, e de Prío Socarrás (1903-1977), de 1948 a 1952, decepcionaram os cubanos pela ausência de um programa político.
Quartel Moncada, onde Fidel e mais 165 homens tentaram derrubar Fulgencio Batista do poder, em julho de 1953
FIDEL ENTRA EM CENA
Fulgencio Batista foi reeleito em 1952, com o apoio do capital norte-americano e dos ricos proprietários cubanos. Ao contrário de sua primeira gestão, seu governo apoiado por forças poderosas evoluiu para uma ditadura cruel e corrupta. Insatisfeita com a corrupção, a juventude universitária tentou derrubar o governo de Batista. Chefiados por Fidel Castro, em 1953, os estudantes tentaram tomar o quartel de Moncada. No confronto, morreram 165 estudantes. Fidel Castro e seu irmão Raúl, presidente do Conselho de Estado da República de Cuba desde fevereiro de 2008, entregaram-se e foram presos. Condenados a 15 anos de prisão, os dois irmãos foram colocados em liberdade graças à pressão popular.
Em 1956, acompanhado por 82 homens, Fidel Castro, então refugiado no México, invadiu a ilha de Cuba. Mas a maior parte dos combatentes foi morta por um destacamento militar da ditadura de Batista. Fidel e seus companheiros, entre eles o argentino Che Guevara (1928-1967), refugiaramse em Sierra Maestra. Lá, iniciaram um movimento de guerrilha que resultou na Revolução Cubana, em 1959.
A REVOLUÇÃO CUBANA
Antes de derrubar o presidente Fulgencio Batista e chegar ao poder, em 1959, Fidel Castro enfrentou violenta repressão por parte do governo e chegou até a ser dado como morto
Fidel Castro liderou o movimento popular que tirou o presidente Fulgencio Batista do poder e deu início a um novo governo, em 1959. Em 1952, Fulgencio Batista instalou uma das mais terríveis ditaduras que Cuba conhecera. O pretexto político para o golpe militar foi libertar o país do governo do então presidente Carlos Prío Socarrás, acusado de corrupção, além do medo de que a oposição o impedisse de assumir o poder.
A juventude universitária, apoiada por amplos setores sociais, rebelouse contra a corrupção acobertada pela ditadura, além das torturas aos presos políticos. A tentativa chefiada por Fidel Castro de tomar o quartel de Moncada, em 26 de julho de 1953, foi o estopim da revolução.
O confronto foi sangrento, marcado pelo massacre de 165 estudantes. Após o fracasso do ataque, Fidel Castro e Raúl, seu irmão, entregaram-se às autoridades e foram presos. Após serem condenados a 15 anos de prisão, Batista colocou-os em liberdade por pressão popular.
Acima, Fulgencio Batista; ao lado, Fidel Castro
A QUEDA DE BATISTA
Refugiado no México, Fidel Castro retornou a Cuba, em 1956, com uma expedição composta por 82 rebeldes para invadir a ilha e depor Batista. A invasão, realizada em 2 de dezembro daquele mesmo ano, foi desastrosa, tendo provocado violenta reação por parte das tropas do governo. O exército cercou os invasores e os metralhou, além de bombardear por terra e ar a comunidade de Alegría de Pío, no Oriente (província de Cuba até 1976). A maioria dos combatentes foi dizimada. Nessa ocasião, jornais cubanos chegaram a noticiar que Fidel Castro havia morrido em combate.
Os que sobreviveram, comandados por Fidel Castro, entre eles Che Guevara, refugiaram-se em Sierra Maestra, região cubana localizada na província de Oriente. Sierra é formada por uma cadeia de montanhas, sem estradas ou caminhos que facilitassem a comunicação. Os revolucionários se embrenharam em suas matas para organizar a resistência por meio de um movimento de guerrilha.
Em 1957, o movimento rebelde recebeu grande número de simpatizantes em diversas partes do país. No ano seguinte, a guerrilha ampliou sua ação. Em 1º de janeiro de 1959, Batista e sua família abandonaram Cuba e refugiaram-se na República Dominicana. Foi a vitória da Revolução Cubana.
Che Guevara em Santa Clara, Cuba, em 1959
O COMANDO DE FIDEL
Fidel Castro prometeu um governo civil para substituir a ditadura de Batista e também promover eleições no prazo de um ano. Em seus discursos, Fidel pregava a união de todos os cubanos, afirmando os princípios democráticos da revolução.
O nacionalismo marcou o período de 1959 e 1960, além do surgimento de um forte sentimento antiamericanista entre os revolucionários. O governo cubano firmou uma série de convênios com os países do Leste Europeu e acusou os Estados Unidos de dar asilo aos contra-revolucionários e de incentivar sabotagens contra Cuba.
As relações com os Estados Unidos se acirraram. Em 1960, Fidel Castro iniciou a política de nacionalização das empresas estrangeiras.
Foi o começo da fase socialista da Revolução. Em abril de 1961, teve início o ataque norte-americano à ilha, na praia de Giron, localizada na Baía dos Porcos.
A invasão fazia parte da Operação Magusto, e contou com a participação de mais de 1.200 exilados cubanos nos Estados Unidos, treinados e financiados pelo serviço secreto norte-americano. Os invasores foram derrotados pelas forças de Fidel Castro.
A APROXIMAÇÃO COM OS SOVIÉTICOS
Apesar da vitória contra os invasores, Cuba vivia aterrorizada pelas ameaças norte-americanas. Para evitar novos ataques, Fidel Castro se aproximou da União Soviética, contribuindo para radicalizar ainda mais as relações com os Estados Unidos. O clima da Guerra Fria se intensificou com a presença de navios soviéticos, em outubro de 1962, deslocandose para o Caribe. O temor de uma guerra nuclear dominou o mundo.
A malograda invasão à Baía dos Porcos consolidou o poder de Fidel. A reação dos Estados Unidos foi imediata. Em 1962, em Punta del Este, o presidente John F. Kennedy (1917-1963) decretou o isolamento diplomático de Cuba e pressionou a Argentina, México, Brasil, Equador, Chile, Bolívia e Uruguai a romperem relações com os cubanos.
Fidel, já como presidente de Cuba, em encontro da ONU, em setembro de 1960
Durante a Guerra Fria, a URSS tentou instalar mísseis em Cuba, mas os EUA efetuaram bloqueio naval na ilha e impediram que isso acontecesse
A VITÓRIA DA REVOLUÇÃO CUBANAApesar daquela iniciativa do governo norte-americano e do isolamento diplomático, a Revolução Cubana foi vitoriosa. Às vésperas das comemorações dos 50 anos da Revolução, Cuba ainda persiste no imaginário das nações em luta pela autonomia, como uma ilha que defendeu sua dignidade, revelando persistência, força e abnegação de um povo, sobretudo ao enfrentar por longos e duros anos o bloqueio econômico dos Estados Unidos e seus aliados.
A revolução transformou Cuba no símbolo de defesa dos ideais de liberdade contra o imperialismo e o sistema capitalista, representados pelos Estados Unidos. Desde o início de sua revolução até os dias atuais, a ilha sofre com as medidas restritivas norte-americanas, que do isolamento inicial continuou com um desumano e cruel bloqueio econômico.
BARACK OBAMA E EXPECTATIVA DE MUDANÇAS
A eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, em novembro de 2008, acena com expectativas de mudanças. Uma vitória que coincide com os 50 anos da Revolução Cubana. Obama reflete a esperança de mudanças profundas em relação à política externa dos Estados Unidos. Cuba e a América vivem atualmente essa expectativa.
A Revolução Cubana triunfou. O novo governo dos Estados Unidos vai se defrontar com uma nação em processo de mudanças. Fidel Castro se retirou do poder. Cuba não é mais a Cuba de Fidel, embora ele ainda viva. Fidel abandonou a cena política para entrar para a história como um mito. Mito da liberdade, que representa a realidade da luta de um povo contra a opressão.
Como líder latino-americano, Fidel encontrou adeptos e inimigos, mas, como mito, tornou-se invulnerável. Um mito não se desconstrói com facilidade, mesmo que seja uma representação.
REFERÊNCIAS
AYERBE, Luis Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo : Editora da UNESP, 2004. PIERRE-Charles,Gerard - Genesis de la Revolución Cubana.Mexico, Siglo Veintiuno editores, 1996 CASTRO, Fidel. A história me absolverá. São Paulo, Alfa-Omega, 1992 EMIRO VALENCIA,Luis - Realidad y Perspectivas de la Révolución Cubana.Havana,casa de las América, 1961 ESCOSTEGUY, JorgeCuba Hoje. 20 Anos de Revolução.S.Paulo, Alfa-Omega, 1978 FERNANDES, Florestan. Da guerrilha ao socialismo. A revolução cubana. São Paulo, T.A. Queirós Ed.,1979 GUEVARA, Ernesto. A guerra de guerrilhas. São Paulo, Edições Populares, 3a ed.,1992 . 1982. Sierra Maestra: da guerrilha ao poder; passagens da guerra revolucionária. São Paulo, Edições Populares. EMIRO VALENCIA,Luis - Realidad y Perspectivas de la Révolución Cubana.Havana,casa de las América, 1961 BANDEIRA, Luis Alberto Moniz. De Martí a Fidel: a Revolução Cubana e a América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos é Pós-Doutora em História da América Latina pela Universidade de Varsóvia (Polônia), procientista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenadora-geral do Programa de Pós-Graduação em História da UERJ, coordenadora do Núcleo de Estudos das Américas NUCLEAS, autora de diversos livros sobre América Latina, como O Corpo Calado (2002), América Latina em Construção (2006), Religião, Violência e Exclusão (2006 ) e América Latina Identidade em Construção (2008).
Assinar:
Postagens (Atom)