Quer
saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois
tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho
profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que
arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas
pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara
a tapa! Ser louca, estranha, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de
defeitos. Sou volúvel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu
vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca.
Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do
avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir… Um beliscãozinho que
for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de
sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome.
[Clarice Lispector]
terça-feira, 22 de maio de 2012
Eis o melhor e o pior de mim. O meu termômetro...
Infinito Particular
Eis o melhor e o pior de mim. O meu termômetro o meu quilate. Vem, cara, me retrate. Não é impossível. Eu não sou difícil de ler. Faça sua parte. Eu sou daqui eu não sou de Marte. Vem, cara, me repara. Não vê, tá na cara, sou portabandeira de mim. Só não se perca ao entrar. No meu infinito particular. Em alguns instantes. Sou pequenina e também gigante. Vem, cara, se declara. O mundo é portátil. Pra quem não tem nada a esconder. Olha minha cara. É só mistério, não tem segredo. Vem cá, não tenha medo. A água é potável. Daqui você pode beber. Só não se perca ao entrar. No meu infinito particular
Arnaldo Antunes Marisa Monte Carlinhos Brown
Eis o melhor e o pior de mim. O meu termômetro o meu quilate. Vem, cara, me retrate. Não é impossível. Eu não sou difícil de ler. Faça sua parte. Eu sou daqui eu não sou de Marte. Vem, cara, me repara. Não vê, tá na cara, sou portabandeira de mim. Só não se perca ao entrar. No meu infinito particular. Em alguns instantes. Sou pequenina e também gigante. Vem, cara, se declara. O mundo é portátil. Pra quem não tem nada a esconder. Olha minha cara. É só mistério, não tem segredo. Vem cá, não tenha medo. A água é potável. Daqui você pode beber. Só não se perca ao entrar. No meu infinito particular
Uma memoria entesourada no meu coraçao :CEBS
Quando
cheguei na escola popular, em abril de
1987, mergulhei em um novo mundo, que aquele encontro me ofereceu, me envolvi
totalmente, por inteira em um novo modo de viver,de rezar e de lutar. Inicialmente fui convidada por Irmã
Siebra e Pe Machado para dar umas
aulas, sobre História do Brasil: Brasil colônia , Brasil império e
Brasil República.Eu era jovem, tinha 7 ano de casada, comentavam que eu era uma ótima professora de História; lá em
Massapê,em minha cidade natal, eu já lecionava embora muito nova, em dois
colégios particulares,no Educandário nossa senhora do Carmo e no centro
Educacional Massapeense e 1977 ganhei um contrato do estado para ser professora
no colégio Adauto Bezerra,mas meu pai era do PMDB,partido contra o do Prefeito
,e acabei sendo prejudicada me deram apenas 70 horas aulas,mas isso é um outro
assunto,como estava falando,eu tinha 11
anos de experiência e estava ali no
CEPRI“ me achando...”dar aulas para os trabalhadores do campo, era muito fácil
,eu pensava que sabia muito, que tinha um vasto conhecimento em História pois
iniciei minha carreira de professora de história antes mesmo de me
formar.Cheguei no CEPRI as 8 da manhã ,era um sábado. Fui apresentada ,para a
turma eu também me apresentei. Fiz uma
dinâmica com os alunos,eram em sua
maioria pessoas bem mais velha que eu,outras tinham a minha idade e poucas eram
mais novas do que eu...lembro que passei toda manhã explanando minha aula.Eu
mesma me avaliando, achei que fui ótima . Não tinha idéia
que eu era totalmente
analfabeta política. Foi ali que me dei conta disso...Os participantes da escola
popular eram pessoas simples,trabalhadores sindicalizados,estudavam política ,discutiam
problemas sociais, eram sábios, animados,cantavam ,falavam,debatiam assuntos
polêmicos da conjuntura política, tocavam violão,pandeiro, sanfona. Enfim eram
ótimos. Quando terminei,fui aplaudida e foi ai então que Pe Machado levantou
de sua cadeira ,para dar continuidade o programa da escola popular, era sua vez de
participar no encontro, e iniciou sua tarefa
puxando uma música, que logo foi
acompanhada por todos: Se o boi
soubesse da força que tem não puxava carroça e a abelha, da dor da picada não
roubavam seu mel, e a terra era terra e o céu era o céu como era bom se toda
semente crescesse e a razão pudesse sempre dominar e essa paz fosse que nem uma criança andasse solta feito
a noite de luar se na inveja colocasse um cabresto Na ambição colocasse um
cortador na violência uma espora amolada deixasse a
rédea Solta na mão do amor... Em seguida
o Pe Machado explicou diplomáticamente dos dois jeitos de se contar
a História : o jeito do mito e jeito da lógica... Fiquei curiosa, atenta aquele
assunto ali abordado.E foi então que percebi, que meu jeito de contar
História era o jeito da lógica: a história bem arrumadinha
do jeito que está escrita nos livros ,a maneira que os formados contam. Dom Fragoso era
bispo de Crateús, um bispo, tão bom,tão
humano,inteligente, culto, que pela sua luta pelos pobres em busca do reino de
DEUS ,ficou conhecido como o profeta dos pobres,pois vivia a fé, o espaço político, o
espaço das relações humanas em um novo jeito de ser igreja: cebs, povo que
luta,que se organiza,buscando libertação.Pessoas que acreditam ser esta a proposta do
movimento de Jesus, o projeto do Reino aqui na terra;Dom Fragoso estava presente no encontro e na oportunidade
em que me acolheu fez o seguinte
comentário: Maryane,como você gosta muito do que faz, nós precisamos muito em nosso
meio de uma professora como você.Venha engrossar as fileiras dos que lutam por
justiça venha nos ajudar.Que DEUS te der
juízo.Pe machado também falou, venha Maryane participar das comunidades.
conhecer o mundo dos trabalhadores.Venha lutar por justiça ,paz... Fique aqui
,participe da escola popular,você vai
gostar muito, de conhecer este novo
jeito de ser Igreja. Nós vamos falar sobre conjuntura política,luta e organização e é muito bom para você que é
uma professora de história. Em seguida irmã Siebra me apresentou a umas
pessoas que estavam ao meu lado :Chico Belo, Zequinha Moreira, Luiz
Antonio,Joaquim Gaspar,Macedo e disse: ‘eles fazem parte de uma pequena equipe
dos participantes da pastoral dos trabalhadores. Eles vão lhe ensinar sua
tarefa na escola coloque sua
profissão a serviço dos oprimidos. A
serviço do reino.’E ali fiquei participando pois logo me empolguei, me enturmei,e me conscientizei...Aquele
encontro de trabalhadores era muito bom, muito rico. Foi dessa equipe que comecei a entrar no mundo dos trabalhadores
sem terra explorados e logo me engajei nos
movimentos das cebs. As CEBs tinha um compromisso político, mas a partir da fé
cristã. A partir
daí, passei a
me interessar por
política, por conjuntura política. Nas cebs a participação e a discussão
dos problemas é em forma de assembléia. Os representantes das Cebs encontram-se
periodicamente para celebrar e avaliar sua caminhada.Sempre com um olhar
crítico para a realidade.Ao buscar
informações sobre trabalho exploração, ideologia dos oprimidos , ideologia do
opressor, passei ler livros de Leonardo Boff, Marx e livros de história com uma
visão diferente, cartilhas políticas,e muitos outros.Comecei a apreciar e a
ouvir outros tipos de músicas... Aprendi
tantas coisas,que fizeram de mim
uma mulher mais completa,aprendi a lutar,a celebrar , a refletir ,aprendi a
amar e que meu nome é mulher. Como aprendi
com Pe machado,com os trbalhadores,,como aprendi nos movimentos populares,como aprendi nas
cebs...Fui coordenadora da CPT ,( comissão da pastoral da terra),coordenei a
Pastoral das mulheres.fui coordenadora da pastoral da família.Participei da
pastoral indígena com a ajuda da irmã
Margarette, uma missionária Belga
que lutava para reorganizar os índios da região.Fui presidente do PT.
Participava das celebrações...aprendi as
várias formas de rezar.
Revolucionei
minha vida,da minha família,meu lar.No colégio onde trabalhava minha postura, mudou me dediquei a estudar política e juntar com
História ,minhas aulas mudaram.Minhas colegas de trabalho me rejeitaram.A
diretora me chamava o tempo todo a atenção .Minhas atitudes incomodavam a todos. Foi difícil... Me dediquei quase que obsessivamente nas atividades de organização política do movimento dos trabalhadores,mas irmã Siebra me ajudava
.Como psicóloga,como freira,como religiosa,como educadora, grande mulher forte
decidida ,sábia. Qualquer assunto ,quer Filosofia, quer da Sociologia,
quer Economia, Política, quer na
História ,ela me orientava e me ensinava.Depois chegou Pe.Geu e irmã
Jacinta...meu DEUS ,a pequena notável.Eram radicais ao extremo ,fazia estudos
bíblicos fortíssimos.Tecia fortes críticas as igrejas católicas que ñ tivesse
opção pelos pobres.Os sermões eram
lindos...Eu tinha uma Sorveteria e as vezes eu perdia algum encontro ( isso era
muito raro).Ela ia me buscar.Lembro-me dela
chegando no meu comércio falando :Maryane vendida por um
sorvete...grande admiradora de dom Fragoso e quem ñ era? Grande seguidor de
Jesus.Costumava dizer quando fazia estudos bíblicos que nós tínhamos que ter um
olho na bíblia e outro na realidade.Todas as vezes que celebrava gostava de
cantar: eu vim para que todos tenham vida,que todos tenham vida plenamente...ficou
conhecido como profeta
dos
pobres.Com Dom Fragoso a Diocese de Crateús assumiu a responsabilidade de
lutar para que os Cristãos tivessem duas pernas sãs e articuladas: a perna da
Experiência de Deus e a perna do combate pela Justiça. Esta opção trouxe
tensões e afastamentos dolorosos.Muita gente se afastava da igreja,diziam que
religião ñ tinha nada a ver com política.Os ricos se afastavam da igreja,porque
o evangelho pegava nos pés dos poderosos.Toda equipe paroquial era
antipatizada. Pe Géu e Pe. Machado ,tinham uns sermões lindos radicais.Todos 1º
de maio a missa era dedicada aos trabalhadores do campo.No altar, tudo era
vermelho,a toalha ,e nós ajudantes todos de blusas vermelhas ,simbolizando
luta,sangue derramado pelos mártires.As músicas eram escolhidas logo na preparação da missa:canto de entrada "Venham todos, cantemos um canto que nasce da terra, / canto novo
de paz e esperança, em tempos de guerra./ Neste instante há inocentes tombando
nas mãos de tiranos./ Tomar terra, ter lucro, matando: são esses seus planos.
Eis o tempo de graça, eis o dia da libertação! / De cabeças erguidas, de braços
unidos, Irmãos! / Haveremos de ver qualquer dia, chegando a vitória,/ O povo
nas ruas, fazendo a história, Crianças sorrindo em toda a nação!" No
ofertório cantávamos: O ofertório do
trabalhador: Eu te oferto Senhor, nesta
ceia a luta do dia-a-dia, toda energia que vem do
suor. Eu te oferto, Senhor, meu corpo inteiro. Trago
aqui sobre meus braços o vivo entusiasmo do meu coração...
cantos lindos que nos refletir .O salmo de agradecimento : “Tu és o Deus dos pequenos, o Deus humano e sofrido, o Deus de mãos
calejadas, o Deus de rosto curtido. Por isso te falo eu, como te fala meu
povo.” Agradeço a Deus todos os dias por ter sido
descoberta pela Irmã Siebra,pelo Pe Machado ,e pela mulher,professora
politizada guerreira que sou hoje. Agradeço por ter participado dessa equipe
maravilhosa .Sou uma privilegiada por DEUS.Como dizia dom Fragoso: "uma mulher, um homem, cresce quando DÁ DE
SI, não quando estendem a mão para receber"
Em
1989 ,no centenário da República ,ano de eleição.Sem medo de ser feliz,todos
trabalhadores organizados lutavam pela eleição de LULA.
Três eram os principais candidatos deste tão almejado pleito: Fernando Collor
de Mello, o renovador do conservadorismo, Luís Inácio Lula da Silva, o
candidato das massas,representante dos trabalhadores e era o nosso preferido, e
Leonel Brizola, que era o favorito da elite intelectual, mas fomos duramente
surpreendido após a apuração. Nos dias 15 e 16 de novembro, assim, o Brasil
votou e levou ao segundo e sofrido turno, Lula e Collor, abrindo uma segunda
campanha eleitoral emocionante
angustiante e imprevisível.Fomos a luta,meus irmãos trabalhadores do
campo,da cidade,toda militância,tentando conscientizar um povo cego,surdo e
mudo.como eu até fiz uma paródia, que saiu
assim, na linguagem popular:compadre tu ta vendo o que eu to
vendo,compadre tu tará com a vista escura tem candidato no Brasil de todo
jeito,mas pra tu votar direito tem que votar no Lula.E assim sonhávamos com a
vitória do nosso Lula,a quem os tolos chamavam de sapo barbudo.Fui perseguida
no emprego,diziam que eu estava ficando doida.Eu só tinha 70 hora aula,todos
ganhavam um aditivo menos eu. Como sofri. Mas fiquei firme apaixonada pela
luta,por LULA. A esperança era muito forte.Meus filhos tinham uma camiseta
:estou crescendo junto com o PT,a minha
camiseta era “Companheiro presidente.Nos comícios buscávamos criatividades,o
deputado João Alfredo,marcava presença, levava com ele artistas com bonecos,falantes,cantores, Zé Vicente,e outros. Eu,Zequinha Moreira, Furi,Macedo, colocávamos nossos filhos para se apresentar nos comícios e cada um se
apresentava:minha mãe é professora e vota no Lula,outro já dizia ,meu pai é
bancário e vota no Lula ,e o outro repetia meu pai agricultor e vota no
Lula.Foi grande a peleja.Todas as noites visitávamos uma comunidade e fazíamos
uma reunião .As reuniões eram animadas,mesmo só
com a presença dos trabalhadores e da equipe paroquial.terminavamos
nossas reuniões cantando : De repente nossa vista clareou!
Clareou! Clareou! E descobrimos que o
pobre tem valor. Tem valor! Tem valor!
. Nós descobrimos o valor da união, que
é arma poderosa, e derruba até dragão. E já sabemos que a riqueza do patrão, e
o poder dos governantes, passa pela nossa mão.
Nós descobrimos que a seca no Nordeste, que
a fome e que a peste, não é culpa de Deus Pai, a grande culpa é de quem manda
no país, fazendo o povo infeliz, deste jeito é que não vai. O que nós vemos é
deputado e senador, militar e jogador, recebendo milhões. Enquanto isso o
povo trabalhador, derramando seu suor, tem que viver de tostões.
Lula veio a Crateús...Como foi bom.Era a caravana da
cidadania.Um sonho realizado,conhecer o LULA ...abraça-lo. Como foi marcante
em minha vida .Como eu era a presidente do PT em Ipueiras pude jantar com
ele,conversamos,tiramos fotos...uma voz só entoava: Passa o tempo e tanta gente a
trabalhar De repente
essa clareza pra votar . Quem sempre foi sincero e
confiar . Sem medo de ser feliz, quero ver chegar
...
Lula lá, brilha uma estrela.
Lula lá, cresce a esperança
Lula lá, o Brasil criança
Na alegria de se abraçar
Lula lá, com sinceridade
Lula lá com toda certeza
Pra você, meu primeiro voto
Pra fazer brilhar nossa estrela
Lulá lá é a gente junto
Lula lá valeu a espera
Lula lá, meu primeiro voto
Pra fazer brilhar nossa estrela ...
A imprensa, a GLOBO apoiava Collor,jovem, metido a
bonito,caçador de marajás, o arrojado candidato Collor, que se vestia com
roupas de esportista trazia em seus discursos e propostas o neoliberalismo e
a promessa de renovação. Lula, o sindicalista,pobre,analfabeto (na visão dos
poderosos) tinha o apoio de Brizola mas igualmente a antipatia da classe
média , achavam que o PT era
comunista. No fim do ano, a resposta foi clara e perversa. Após recuperar sua
cidadania, garantida pela Constituição de 1988, o eleitorado brasileiro
elegia Collor Presidente da República.Foi tudo muito triste,para quem queria
um Brasil descente.Sofremos muito...eu sofri muito.Tanta humilhaçao O
povo sem consciência política,estavam nas ruas,comemorando a derrota do povo.E
na cegueira zombavam,soltavam fogos na minha casa ,na casa paroquial.Os
trabalhadores sofreram.Mas logo iniciamos a luta...Lula montou um governo
paralelo,era a esperança renascendo...
Com base na viva experiência que vivi nas
comunidades eclesiais de base (CEBs),que possibilitou também para mim um despertar de uma
dignidade até então escondida,guardada. Uma experiência vivida como
enriquecimento pessoal. Juntamente com a afirmação de minha dignidade pessoal
que foi um presente de DEUS, Foram inúmeros os desafios assumidos ao longo de
minha aprendizagem, no compromisso com o processo libertador dentro das cebs,
como nos programas de Rádio que aprendi a fazer,nos programas das Ave Maria ,as
6 da tarde,eu Pedro, Zé Aristides,Beta,Chiquinha,Diomar. O compromisso com o
outro... o dom da autocomunicação de Deus, a graça de uma amizade verdadeira que enche de gratuidade a nossa
vida. Faz-nos ver como um dom, nossos encontros com os outros homens, nossos
afetos,as discussões, tudo o que acontecia nos encontros das CEBS. Isso para
mim é abertura ao dom gratuito de Deus que despoja o militante, desaloja-o de
seu egoísmo e arrogância e potencializa de gratuidade o seu amor aos outros.
Um
dia desse ,fui a Tamboril ,ensinar pela UVA ,e me surpreendi com Irmã
Siebra,que foi me visitar,na sala de aula e senti o orgulho nos olhos dela, quando ela falou para de alunos: Maryane é uma professora das Cebs.Do meio popular...
Fiquei hospedada na casa paroquial de
Tamboril.Minha família do coração. Qualquer momentos com estas pessoas é muito rico em conhecimeto. É como ler um livro.
Termino esta história do jeito que eu me apresentava nas reuniões das cebs: Meu nome é Maryane Andrade ,a melhor coisa que já fiz foi entrar nas comunidades. |
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Memorial
Memorial
“Cada um de nós constrói a sua própria história e cada ser
carrega em si o dom de ser capaz, de ser feliz!”
Almir Sater/ Renato Teixeira
Meu nome é Maryane
Andrade Cavalcante hj meu nome de
casada é maryane Cavalcante de Sousa. Sou filha de Raimundo Cunha Cavalcante e Francisca Andrade Cavalcante. Meu pai era um homem sábio,
estudou só até o quinto 5º ano primário(,mas tinha uma sabedoria nata).Estudou em um seminário em Tiangua-ce; Seu irmão Luis Pontes Cunha a quem ele dizia ser pai dele,pois era o responsável por sua educaçao... Quando tio Luis Cunha morreu assasinado ,papai abadonou os
estudos e foi trabalhar como
representante de tecido,viajante (caixeiro viajante) de quem sempre
escutei lindas e histórias e o conselho: “estude: é o único bem que poderemos
te dar”... Eu e papai sempre tivemos uma relaçao de carinho e amizade como pai e filha realmente.Êle era um pai sempre muito presente em todos os momentos de minha vida. Minha História começa na cidade de Massapê-ce, onde nasci e passei minha infância e adolescêcia.Não
lembro o ano nem a idade que comecei a estudar ,só sei que minha primeira escola era uma escola
isolada,funcionava na própria moradia da professora dona Claudomira; Lembro que minha vontade era
de estudar no patronato ,onde minhas primas estudavam ,mas mamãe
dizia que não podia pagar ,então me colocou na escola de dona Claudomira; professora carrasca ,já era
de idade,magra, feia,muito fria; o casarão antigo do teto escuro,as paredes amarelas clara ,uma mesa rústica,
enorme onde as crianças ficavam em pé ao redor da mesa ,com o caderno e a de carta
de ABC. Ela ficava rondando a mesa,com uma palmatória na mão,sempre tacava a
palmatoria nas pernas das crianças que ñ tivessem fazendo a lição,as
vezes era cocorote,ela tinha a unha grande e dura do dedo apontador e
enfiava com raiva nas cabeças das crianças ,eu sempre levava uns
cocorotes outras vezes a palmatória nas pernas.Eu tinha muito medo,acho que ñ
aprendi nada...um dia ela tacou a unha com força na minha cabeça que sangrou e
virou uma equizema,um espécie de uma grande bolha ,que inflamou muito.Papai
chegou de viagem e me levou ao médico,foi sajado e depois de muito tempo fiquei
boa.Mas Papai me tirou de lá e colocou no patronato. Era uma bela casa antiga ,branca
,estilo barroco com muitas janelas , lembro de cada compartimento,a casa ainda esta do
mesmo jeito,quem hoje mora la é o Dr Miguel Enéas .A farda era linda um vestidinho branco com um avental xadres
vermelho por cima .Eu adorava minha farda.Lá as irmãs costumavam cantar
,dramatizar, fazer sempre apresentações em datas comemorativas,ou dia das mães aprendi neste período alguma noção de balé ,dramatização ,poesias
... é a parte mais bonita de minha infância Lembro do dia 7 de Setembro
,marchei vestida de médica ,montada em
um carneirinho puxada por uma irmã ,eram muitas alunas todas vestidas
iguais minha primas estudavam lá
Sandra ,Teresa .Logo sai de lá para estudar no Educandário Nossa Senhora
do Carmo; Eu lembro que era o 3º ano primário meu irmão e eu .Escola particular do Roberto Frota .No 5º ano fiz os exames de admissão passei e fui
estudar no Colégio cenecista ,La eu
conheci José Coriolano Silveira, meu professor
de português,um excelente professor,e que ,também foi meu primeiro namorado. No colégio fiz muitas amizades .Eu ainda era uma criança e já sonhava em ser
uma professora.Acho que eu era influenciada pelo papai,que sonhava em eu ser
uma professora;Ele cantava pra mim: vestida de azul e branco trazendo um
sorriso franco ,um rostinho encantador,minha linda normalista rapidamente
conquista meu coração sofredor;mas eu ainda cursava o ginasial 6 série,(nesse
período mudou de 2 ano para 6ª série passou
a ser assim chamado).Papai sempre me influenciou a leitura,trazia livros de
presente de suas viagens,mamãe era professora leiga e tinha uma sala de aula em uma das salas de nossa
casa.As vezes eu dava aulas por ela. Os alunos eram da minha idade,mas eu adorava ser professora.No
segundo grau , passei para o CEM (centro educacional massapeense.já lecionava
,particular em casa, dando aulas de reforço,e quando faltava professores, me colocavam
para copiar matéria no quadro mas por minha conta eu explicava o conteúdo.
Em 1975 passei no vestibular e em 1977 ganhei de DEUS um
contrato do Estado. Mas um chefe político de Massapê ,tentou impedir que eu entrasse no
quadro de professores,coisas de política daquela época ,pois papai era do PMDB. Mas DEUS me colocou no quadro ,com apenas 70 horas aulas. Casei
em 1980 e fui morar em Ipueiras e ganhei uma ampliação temporária. Em 1997 passei no concurso público ( primeiro
lugar ,aqui em Ipueiras) Ainda ensino no
Colégio estadual Otacilio Mota .Me engajei nos movimentos
populares ,fui presidente do PT, Participei da escola popular e foi ai
que construi minha identidade profissional, de professora, de educadora e de
idealista e depois da participação no Seminário Paulo Freire para me preparar para ensinar na ESCOL A
POPULAR senti muita vontade, de fazer pos graduação ,buscando novas formas de
ensinar.Hj também busco melhorar minha forma de trabalho.
Por isso estou criando meu portififólio. ( breve mostrarei
vocês)
CANÇÃO ÓBVIA
“Escolhi a sombra de uma árvore para meditar
no muito que podia fazer enquanto te esperava
quem espera na pura esperança
vive um tempo de espera qualquer.
Por isso enquanto te espero
trabalharei nos campos e dialogarei com homens, mulheres e crianças
minhas mãos ficarão calosas
meus pés aprenderão os mistérios dos caminhos
meu corpo será queimado pelo sol
meus olhos verão o que nunca tinham visto
meus ouvidos escutarão ruídos antes despercebidos
na difusa sonoridade de cada dia.
Desconfiarei daqueles que venham me dizer
à sombra daquela árvore, prevenidos
que é perigoso esperar da forma que espero
que é perigoso caminhar
que é perigoso falar...
porque eles rechaçam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que venham me dizer
à sombra desta árvore, que tu já chegaste
porque estes que te anunciam ingenuamente
antes de denunciavam.
Esperarei por ti como o jardineiro
que prepara o jardim para a rosa
que se abrirá na primavera”
Paulo Freire
“Escolhi a sombra de uma árvore para meditar
no muito que podia fazer enquanto te esperava
quem espera na pura esperança
vive um tempo de espera qualquer.
Por isso enquanto te espero
trabalharei nos campos e dialogarei com homens, mulheres e crianças
minhas mãos ficarão calosas
meus pés aprenderão os mistérios dos caminhos
meu corpo será queimado pelo sol
meus olhos verão o que nunca tinham visto
meus ouvidos escutarão ruídos antes despercebidos
na difusa sonoridade de cada dia.
Desconfiarei daqueles que venham me dizer
à sombra daquela árvore, prevenidos
que é perigoso esperar da forma que espero
que é perigoso caminhar
que é perigoso falar...
porque eles rechaçam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que venham me dizer
à sombra desta árvore, que tu já chegaste
porque estes que te anunciam ingenuamente
antes de denunciavam.
Esperarei por ti como o jardineiro
que prepara o jardim para a rosa
que se abrirá na primavera”
Paulo Freire
domingo, 6 de maio de 2012
ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS...
http://www.reginabrett.com/
http://www.cleveland.com/brett/
http://www.reginabrett.com/life_lessons.php
As 50 Lições de Vida
(escritas em 28 de Maio de 2006)
1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno.
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. Não há problemas em deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. A vida é muito curta para lamentações. Ocupe-se vivendo ou ocupe-se morrendo.
17. Você pode passar por qualquer situação se você ficar parado hoje.
18. Um escritor escreve. Se você quiser ser um escritor, escreva.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chique. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se muito bem, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém é o responsável pela sua felicidade a não ser você..
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todos.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância. Torne-a memorável
38. Leia os Salmos. Eles cobrem todas as emoções humanas.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas juntos em uma pilha e olhássemos os dos outros, nós pegaríamos os nossos de volta.
41. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
42. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
43. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou
44. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa
45. O melhor ainda está por vir.
46. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se e apareça.
47. Respire fundo. Isso acalma a mente.
48. Se você não pedir, você não consegue.
49. Produza.
50. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
Muito bem, agora é avaliar estas lições de vida e aquelas que você concordar lembre-se que ainda há tempo suficiente para VOCÊ colocar em prática, mas comece HOJE!
terça-feira, 1 de maio de 2012
Santo Dias da Silva presente!
Santo Dias da Silva, presente!
Mas a situação de Santo não se ateve ao movimento operário. Militante de uma ala esquerda da Igreja Católica, era membro ativo das CEBs e dos movimentos de bairro que surgiram da ação desses grupos: lutas por transportes, escolas, melhorias na vilas de trabalhadores. Ao lado de sua companheira, Ana Maria do Carmo, liderança expressiva entre os clubes de mães, participou das coordenações do Movimento de Custo de Vida, entre 1973 e 1978. Envolveu-se, também, nas lutas dos trabalhadores rurais e do Comitê Brasileiro pela Anistia.
No ano de 1978, uma onda de greves em todo o ABC paulista e logo englobando os metalúrgicos da capital marcou forte ascensão do movimento operário. As greves impulsionaram a formações de comissões de fábrica e fortaleceram a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Santo Dias participou da chapa de Oposição que concorreu às eleições do sindicato em 1978.
Em agosto de 1979, depois de vários anos de intensa movimentação popular exigindo anistia aos presos políticos exilados, o governo edita a Lei de Anistia. Mas a luta por democracia , por justiça, contra a exploração não termina.
Na grande greve dos metalúrgicos de 1979, a Oposição dirige efetivamente a greve sem estar formalmente na direção do sindicato. Santo Dias é uma de suas lideranças. Os trabalhadores se organizavam por regiões da cidade, enfrentando forte repressão policial e dezeanas de prisões. No dia 30 de outubro, como parte do comando de greve, Santo Dias vai para um piquete na frente da fábrica Sylvânia onde, por ações violenta e brutal da polícia militar, é covardemente assassinado pelas costas.
Homenagem
Muitas emoções e lembranças marcaram a noite da terça-feira na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. As mais de 100 pessoas presentes ao Auditório Franco Montoro puderam relembrar a história da militância de Santo Dias e prestar sua homenagem ao sindicalista.
O evento teve seu início às 19h, com uma apresentação musical, cujo tema das canções era a vida e a morte de Santo Dias. O MST e mais 19 entidades de movimentos sociais prestigiaram a solenidade que, além de lembrar os 30 anos da morte de Santo, tinha como objetivo homenagear importantes personalidades que dedicaram suas vidas à defesa dos direito
Copiado do site do MST
,Conheci a história de Santos Dias quando participava das CEBS.Na dramatizaçao represeitei Ana sua esposa...foi muito emocionante...faço uma homenagem para este trabalhador.Que no dia do trabalho ele seja lembrado.Uma história como esta ñ pode ser esquecida jamais.
Hino da Greve
Seg, 28 de Novembro de 2011 19:38 |
É nosso dia companheiro Nosso é o trabalho de nossas mãos Nossas máquinas que movemos Nossos os frutos da produção Já vou me esperam os companheiros Irmãos de classe para lutar Parando as máquinas falaremos E a nossa voz se ouvirá É nosso dia companheiro Nosso é o trabalho de nossas mãos Nossas máquinas que movemos Nossos os frutos da produção Avante vamos classe operária Avante todos os oprimidos Parando as máquinas e no silêncio Do operário se ouça o grito É nosso dia companheiro Nosso é o trabalho de nossas mãos Nossas máquinas que movemos Nossos os frutos da produção Hino composto pela Oposição Sindical dos Metalúrgicos de São Paulo em 1979. |
A origem e o significado do
Dia do Trabalho
Objetivos
Compreender as origens do Dia do Trabalho e seu significado social e histórico.
Debater a Era Vargas e o trabalho no Brasil atual.
Compreender as origens do Dia do Trabalho e seu significado social e histórico.
Debater a Era Vargas e o trabalho no Brasil atual.
Conteúdos
A História do Trabalho no Brasil.
Anos 2º e 3º científico
A História do Trabalho no Brasil.
Anos 2º e 3º científico
Tempo
estimado duas aulas.
Material
necessário
Computador ligado à internet, revistas, tesoura e cola, cartolina para a confecção de cartazes.
Computador ligado à internet, revistas, tesoura e cola, cartolina para a confecção de cartazes.
Introdução
Primeiro de maio é o Dia do Trabalho. No Brasil e em alguns países do mundo é um feriado nacional. Um dia dedicado a festas, passeatas e reivindicações dos trabalhadores. Mas como teria surgido o Dia do Trabalho?
Primeiro de maio é o Dia do Trabalho. No Brasil e em alguns países do mundo é um feriado nacional. Um dia dedicado a festas, passeatas e reivindicações dos trabalhadores. Mas como teria surgido o Dia do Trabalho?
Em
1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, milhares de trabalhadores foram
às ruas reivindicar melhores condições de trabalho. Dentre as principais
reivindicações estavam a redução da jornada de de 13 para 8 horas, melhores
salários, descanso semanal remunerado e um período anual de férias. Nesse mesmo
dia ocorreu no país uma greve geral de trabalhadores. Os conflitos com a
polícia se tornaram constantes. Oito operários morreram nesses embates. Muitos
trabalhadores foram presos e alguns foram enforcados depois de um julgamento
injusto, em que foram acusados de liderar as manifestações que tiveram início
no dia primeiro de maio.
Em 4 de
maio de 1886, novas manifestações tomaram conta das ruas de Chicago. Desta vez,
morreram 12 trabalhadores e dezenas de pessoas ficaram feridas.
A escolha
da data do primeiro de maio foi feita pela Segunda Internacional Socialista,
reunida em Paris, em 1889. Foi uma homenagem aos trabalhadores mortos pela
repressão policial nos Estados Unidos.
No
Brasil, o primeiro de maio é comemorado desde o ano de 1925, por decreto
sancionado pelo presidente da república Artur Bernardes. De lá para cá, a data
foi comemorada de diversas formas. Em 1940, o presidente Getúlio Vargas
anunciou o novo salário mínimo. Em 1941, a data foi utilizada para marcar a
criação da Justiça do Trabalho, que visava resolver os conflitos existentes
entre os trabalhadores e seus patrões. Hoje, a data perdeu um pouco do caráter
reivindicativo. No feriado, geralmente há festas organizadas pelas principais
centrais sindicais do país.
Desenvolvimento
1ª aula - Organize os alunos em grupos para pesquisarem sobre a origem do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Solicite a eles que expliquem como se dava o trabalho até o século 19 nesse país e na Europa. Eles descubrirão que não havia limite de horas de trabalho, inexistia o descanso semanal e as férias remuneradas. Também não havia a previdência social, entre outros direitos dos trabalhadores de hoje.
Desenvolvimento
1ª aula - Organize os alunos em grupos para pesquisarem sobre a origem do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Solicite a eles que expliquem como se dava o trabalho até o século 19 nesse país e na Europa. Eles descubrirão que não havia limite de horas de trabalho, inexistia o descanso semanal e as férias remuneradas. Também não havia a previdência social, entre outros direitos dos trabalhadores de hoje.
Após a
pesquisa, peça aos alunos que realizem cartazes sobre o trabalho daquela época.
Eles podem conter imagens sobre os tempos da Revolução Industrial do século 18
e também sobre a produção industrial no século 19.
Em
seguida, proponha aos alunos que mostrem seus cartazes e expliquem à classe
como o trabalho era realizado naqueles tempos e como foi a trajetória de
reconhecimentos dos direitos dos trabalhadores ao longo do tempo.
2ª aula - Reúna a sala em um círculo e
instigue os estudantes a refletirem sobre os direitos dos trabalhadores no
Brasil. Explique a eles que a situação brasileira não era muito diferente
daquela vivida em outros países do mundo até a década de 1930. Naquele momento
apareceu no cenário político nacional a figura de Getúlio Vargas, que foi muito
importante na criação das leis trabalhistas. Solicite aos alunos que pesquisem
sobre a época de Getúlio. Pergunte à garotada por que Getúlio era chamado de
"Pai dos Pobres"? Foi ele quem criou o Ministério do Trabalho e as
primeiras leis trabalhistas. Em 1931, no entanto, Vargas seguindo o modelo do
ditador fascista italiano Benito Mussolini, criou a Lei de Sindicalização, ou
seja, os estatutos dos sindicatos do país deveriam passar pela aprovação do Ministério
do Trabalho. Com isso, os sindicatos perderam sua força e se tornaram leais ao
governo que se instalava no país. Pergunte aos alunos: será que isso foi
benéfico aos trabalhadores ou eles acabaram perdendo seu direito de
reivindicação?
Em 1943
Vargas criou a Consolidação das Leis do Trabalho. Esse conjunto de leis
estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho por dia, o descanso semanal
remunerado, a regulamentação do trabalho de menores e mulheres, a criação da
Previdência Social entre outras medidas. Muito do que foi criado por Vargas
permanece até os dias atuais.
3ª aula - Solicite aos alunos uma
pesquisa na internet sobre as duas principais centrais sindicais brasileiras: a
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores).
Veja se eles conseguem identificar as principais diferenças ideológicas entre
elas. Quais partidos políticos estão ligados a elas? Quais sindicatos fazem
parte dessas organizações? Debata com os alunos na sala de aula os resultados
das suas pesquisas.
Avaliação
A seqüência didática apresenta várias fases. Assim, na 1ª aula você poderá avaliar os cartazes elaborados em grupo e a explicação dos mesmos.
A seqüência didática apresenta várias fases. Assim, na 1ª aula você poderá avaliar os cartazes elaborados em grupo e a explicação dos mesmos.
Na 2ª e
3º aula, a participação é muito importante a partir das questões propostas pelo
professor.
avaliaçao
avalie as
pesquisas dos alunos feitos pela internet sobre as centrais
sindicais. Cada uma poderia ser registrada no caderno da turma, por
meio de cartazes ou ainda com a elaboração de trabalhos escritos.
1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho
1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho
“A
história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e
de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela
conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da
sociedade.” – Perseu Abramo
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista
realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que
aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos
Estados Unidos naquela época.
Milhares de
trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho
desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13
para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e
discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve
prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a
polícia.
Em memória dos
mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se
desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos
trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia
1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.
Fonte: IBGE / Ministério
do Trabalho
Chicago, maio de 1886
O retrocesso
vivido nestes primórdios do século XXI remete-nos diretamente aos piores
momentos dos primórdios do Modo de Produção Capitalista, quando ainda eram
comuns práticas ainda mais selvagens. Não apenas se buscava a extração da
mais-valia, através de baixos salários, mas até mesmo a saúde física e mental
dos trabalhadores estava comprometida por jornadas que se estendiam até 17 horas
diárias, prática comum nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos no final do
século XVIII e durante o século XIX. Férias, descanso semanal e aposentadoria
não existiam. Para se protegerem em momentos difíceis, os trabalhadores
inventavam vários tipos de organização – como as caixas de auxílio mútuo,
precursoras dos primeiros sindicatos.
Com as primeiras
organizações, surgiram também as campanhas e mobilizações reivindicando maiores
salários e redução da jornada de trabalho. Greves, nem sempre pacíficas,
explodiam por todo o mundo industrializado. Chicago, um dos principais pólos
industriais norte-americanos, também era um dos grandes centros sindicais. Duas
importantes organizações lideravam os trabalhadores e dirigiam as manifestações
em todo o país: a AFL (Federação Americana de Trabalho) e a Knights of Labor
(Cavaleiros do Trabalho). As organizações, sindicatos e associações que surgiam
eram formadas principalmente por trabalhadores de tendências políticas
socialistas, anarquistas e social-democratas. Em 1886, Chicago foi palco de uma
intensa greve operária. À época, Chicago não era apenas o centro da máfia e do
crime organizado era também o centro do anarquismo na América do Norte, com
importantes jornais operários como o Arbeiter Zeitung e o Verboten, dirigidos
respectivamente por August Spies e Michel Schwab.
Como já se tornou praxe, os jornais patronais chamavam os
líderes operários de cafajestes, preguiçosos e canalhas que buscavam criar
desordens. Uma passeata pacífica, composta de trabalhadores, desempregados e
familiares silenciou momentaneamente tais críticas, embora com resultados
trágicos no pequeno prazo. No alto dos edifícios e nas esquinas estava
posicionada a repressão policial. A manifestação terminou com um ardente
comício.
Manifestações do Primeiro de
Maio de 1886
No dia 3, a greve continuava em muitos estabelecimentos.
Diante da fábrica McCormick Harvester, a policia disparou contra um grupo de
operários, matando seis, deixando 50 feridos e centenas presos, Spies convocou
os trabalhadores para uma concentração na tarde do dia 4. O ambiente era de
revolta apesar dos líderes pedirem calma.
Os oradores se revesavam; Spies, Parsons e Sam Fieldem,
pediram a união e a continuidade do movimento. No final da manifestação um grupo
de 180 policiais atacou os manifestantes, espancando-os e pisoteando-os. Uma
bomba estourou no meio dos guardas, uns 60 foram feridos e vários morreram.
Reforços chegaram e começaram a atirar em todas as direções. Centenas de pessoas
de todas as idades morreram.
A repressão foi aumentando num crescendo sem fim: decretou-se
“Estado de Sítio” e proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram
presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas, criminosos e gângsters pagos
pelos patrões invadiram casas de trabalhadores, espancando-os e destruindo seus
pertences.
A justiça burguesa levou a julgamento os líderes do
movimento, August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab,
Louis Lingg e Georg Engel. O julgamento começou dia 21 de junho e desenrolou-se
rapidamente. Provas e testemunhas foram inventadas. A sentença foi lida dia 9 de
outubro, no qual Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies foram condenados à morte
na forca; Fieldem e Schwab, à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.
Spies fez a sua
última defesa:
"Se com o nosso
enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de
milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a
redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca,
mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas
crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!"
Parsons também fez um
discurso:
"Arrebenta a tua
necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o
pão". Fez um relato da ação dos trabalhadores, desmascarando a farsa dos patrões
com minúcias e falou de seus ideais:
"A propriedade das
máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das
mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da
natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do
trabalho e da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do
homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objetivo do
socialismo".
No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram
levados para o pátio da prisão e executados. Lingg não estava entre eles, pois
suicidou-se. Seis anos depois, o governo de Illinois, pressionado pelas ondas de
protesto contra a iniqüidade do processo, anulou a sentença e libertou os três
sobreviventes.
Em 1888 quando a AFL realizou o seu congresso, surgiu a
proposta para realizar nova greve geral em 1º de maio de 1890, a fim de se
estender a jornada de 8 horas às zonas que ainda não haviam conquistado.
No centenário do início da Revolução Francesa, em 14 de julho
de 1889, reuniu-se em Paris um congresso operário marxista. Os delegados
representavam três milhões de trabalhadores. Esse congresso marca a fundação da
Segunda Internacional. Nele Herr Marx expulsou os anarquistas, cortou o braço
esquerdo do movimento operário num momento em que a concordância entre todos os
socialistas, comunistas e anarquistas residia na meta: chegada a uma sociedade
sem classes, sem exploração, justa, fraterna e feliz. Os meios a empregar-se
para atingir aquele objetivo constituíam os principais pontos de discordância:
Herr Marx, com toda a sua genialidade incontestável, levou adiante a tese de que
somente através de uma “Ditadura do Proletariado” se poderia ter os meios
necessários à abolição da sociedade de classes, da exploração do homem pelo
homem. Mikhail Bakunin, radical libertário, contrapondo-se a Marx, criou a nova
máxima: “Não se chega à Luz através das Trevas.” Segundo o Anarquista russo,
deve-se buscar uma sociedade feliz, sem classes, sem exploração e sem “ditadura”
intermediária de espécie alguma! A tendência majoritária do Congresso ficou em
torno de Herr Marx e os Anarquistas foram, vale repetir, expulsos. Muitos têm
apontado nesta ruptura de 1890 os motivos do fracasso do socialismo dito “real”:
enfatizou-se mais do que o necessário a questão da “ditadura” e o “proletariado”
acabou esquecido. A própria China de hoje (2004) é disso exemplo: uma pequenina
casta de empresários lidera ditatorialmente uma nação equalizada à força
aproximando perigosamente aquela tendência do neoliberalismo...
Fechando
este parêntese que já vai longo, voltemos à reunião do Congresso Operário de
1890: na hora da votar as resoluções, o belga Raymond Lavigne encaminhou uma
proposta de organizar uma grande manifestação internacional, ao mesmo tempo, com
data fixa, em todas os países e cidades pela redução da jornada de trabalho para
8 horas e aplicação de outras resoluções do Congresso Internacional. Como nos
Estados Unidos já havia sido marcada para o dia 1º de maio de 1890 uma
manifestação similar, manteve-se o dia para todos os países.
No segundo Congresso da Segunda Internacional em Bruxelas, de
16 a 23 de setembro de 1891, foi feito um balanço do movimento de 1890 e no
final desse encontro foi aprovada a resolução histórica: tornar o 1º de maio
como "um dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os
trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem
como sua solidariedade".
Como vemos, a greve de 1º de maio de 1886 em Chicago, nos
Estados Unidos, não foi um fato histórico isolado na luta dos trabalhadores, ela
representou o desenrolar de um longo processo de luta em várias partes do mundo
que, já no século XIX, acumulavam várias experiências no campo do enfrentamento
entre o capital (trabalho morto apropriado por poucos) versus trabalho
(seres humanos vivos, que amam, desejam, constroem e sonham!).
O incipiente movimento operário que nascera com a revolução
industrial, começava a atentar para a importância da internacionalização da luta
dos trabalhadores. O próprio massacre ao movimento grevista de Chicago não foi o
primeiro, mas passou a simbolizar a luta pela igualdade, pelo fim da exploração
e das injustiças.
Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do
massacre de Chicago aos dias de hoje, um longo caminho de lutas históricas foi
percorrido. Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores, a nova
revolução tecnológica criou uma instabilidade maior, jornadas mais longas com
salários mais baixos, cresceu o número de seres humanos capazes de trabalhar,
porém para a nova ordem eles são descartáveis. Essa é a modernidade neoliberal,
a realidade do século que iniciamos, a distância parece pequena em comparação
com a infância do capitalismo, parecemos muito mais próximos dela do que da
pseudo racionalidade neoliberal, que muitos ideólogos querem fazer crer.
A realidade nos mostra a face cruel do capital, a produção
capitalista continua a fazer apelo ao trabalho infantil, somente na Ásia, seriam
146 milhões nas fábricas, e segundo as Nações Unidas, um milhão de crianças são
lançadas no comércio sexual a cada ano!
A situação da classe trabalhadora não é fácil; nesse período
houve avanços, mas a nova revolução tecnológica do final do século XX trouxe à
tona novamente questões que pareciam adormecidas. Tal qual no final do século
XIX, a redução da jornada de trabalho é a principal bandeira do movimento
sindical brasileiro; na outra ponta uma sucessão de governos neoliberais (Collor
de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva) fazem o inimaginável pela
supressão de direitos trabalhistas conquistados a duras penas ao longo dos anos
(13º salário, direito a férias remuneradas, multa de 40% por rompimento de
contrato de trabalho, Licença Maternidade, etc.) ampliando as dificuldades ao
trabalho, principalmente face a uma crise de desemprego crescente, e
simplificando cada vez mais a vida da camada patronal. Neste sentido,
naturalmente, a reflexão das lutas históricas passadas torna-se essencialmente
importante, como aprendizagem para as lutas atuais.
Marx
Bakunin
Trotski
O Dia do Trabalho no Brasil
No Brasil, como não poderia deixar de
ser, as comemorações do 1º de maio também estão relacionadas à luta pela redução
da jornada de trabalho. A primeira celebração da data de que se tem registro
ocorreu em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade
fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e
Carlos Escobar. A data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925,
quando o presidente Artur Bernardes baixou um decreto instituindo o 1º de maio
como feriado nacional. Desde então, comícios, pequenas passeatas, festas
comemorativas, piqueniques, shows, desfiles e apresentações teatrais ocorrem por
todo o país.
Com Getúlio Vargas –
que governou o Brasil como chefe revolucionário e ditador por 15 anos e como
presidente eleito por mais quatro – o 1º de maio ganhou status de “dia oficial”
do trabalho. Era nessa data que o governante anunciava as principais leis e
iniciativas que atendiam as reivindicações dos trabalhadores, como a instituição
e, depois, o reajuste anual do salário mínimo ou a redução de jornada de
trabalho para oito horas. Vargas criou o Ministério do Trabalho, promoveu uma
política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da
mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
garantindo o direito a férias e aposentadoria.
Na
Constituição de 1988, promulgada no contexto da distensão e redemocratização do
Brasil após a ditadura militar (que perseguiu e colocou no mesmo balaio
liberais, comunistas e cristãos progressistas), apesar de termos 80% dos tópicos
defendendo a propriedade e meros 20% defendendo a vida humana e a felicidade,
conseguiu-se uma série de avanços – hoje colocados em questão – como as Férias
Remuneradas, o 13º salário, multa de 40% por rompimento de contrato de trabalho,
Licença Maternidade, previsão de um salário mínimo capaz de suprir todas as
necessidades existenciais, de saúde e lazer das famílias de trabalhadores, etc.
A luta de
hoje, como a luta de sempre, por parte dos trabalhadores, reside em manter todos
os direitos constitucionais adquiridos e buscar mais avanços na direção da
felicidade do ser humano.
Quebre os grilhões
Lázaro Curvêlo Chaves -
Primeiro de Maio de 2004
"Meu Maio", de Vladimir Maiakovski
A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua –
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário –
Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro –
Eis o maio que eu quero!
Sou terra –
O maio é minha era!
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