Morreu Hugo Chávez
Anúncio
foi feito pelo vice-presidente Nicolás Maduro. Presidente venezuelano não
resisitiu à quarta cirurgia ao cancro diagnosticado em 2011. Era um dos
políticos mais influentes da América Latina das últimas décadas, que venceu
todas as eleições a que se candidatou.
"Os
que morrem pela vida não podem chamar-se de mortos”, disse o vice-presidente
O
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faleceu na noite desta terça feira aos 58
anos de idade, em Caracas. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Nicolás
Maduro. A morte ocorre quase três meses depois de ter sido submetido a uma
quarta cirurgia para tentar controlar o cancro que fora diagnosticado em 2011.
Maduro
disse que Chávez faleceu “depois de lutar duramente contra uma doença durante
quase dois anos, pelo amor ao povo, com a bênção dos povos e com a lealdade mais
absoluta dos seus companheiros e companheiras de luta”.
O
vice-presidente anunciou que ordenou a mobilização das forças militares e
policiais nas ruas “para proteger a paz do povo venezuelano”.
Chávez
era um dos políticos mais influentes da América Latina das últimas décadas, que
venceu todas as eleições a que se candidatou. A doença, porém, impediu-o de
tomar posse depois da última vitória eleitoral, realizada em 7 de outubro do
ano passado. A posse, que deveria ter ocorrido em 10 de janeiro, nunca ocorreu
diante da impossibilidade física de Chávez se fazer presente, já que nessa data
estava a convalescer em Cuba, onde fora submetido à cirurgia.
O
vice-presidente apelou ao povo que se concentrasse diante do hospital militar
de Caracas e nas praças Bolívar de todas as cidades. “Levemos cânticos de
homenagem, de honra. Os que morrem pela vida não podem chamar-se de mortos”.
Maduro
pediu também aos adversários do líder da Revolução Bolivariana que respeitem
este "difícil momento”, respeitando a dor do povo, e fez um apelo à paz.
A
sucessão
Segundo
prevê o artigo 233º da constituição venezuelana, em caso de morte de um
presidente eleito que não tenha tomado posse haverá lugar a uma nova eleição
"universal, direta e secreta" no prazo de 30 dias.
"Quando
se produza a falta absoluta do Presidente eleito ou Presidenta eleita antes de
tomar posse, se procederá uma nova eleição universal, direta e secreta dentros
dos 30 dias consecutivos seguintes", estipula. Antes, entre as situações
de "falta absoluta" está classificada a morte de um mandatário
eleito.
"Está
muito claramente estabelecido o que se deve fazer. Agora que aconteceu uma
falta absoluta, assume o vice-presidente da República como presidente,
convocando eleições nos próximos 30 dias. É esse o mandato que nos deu 'El
Comandante' no passado dia 8 de dezembro. Pediu aos bolivarianos que
acompanhassem Maduro e é isso que vamos fazer", adiantou Elias Jaua,
ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, citado pelo jornal venezuelano
'El Universal'. Segundo avançou ainda Elias Jaua, Maduro será o candidato às
próximas eleições presidenciais.
A
oposição reivindica, entretanto, que se respeite a Constituição, defendendo que
quem deve assumir interinamente o poder é o presidente da Assembleia Nacional
do país, Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV) - partido de Chávez.
Copiado na íntegra do blog Geografia em Foco
Gostaria de acreditar que enquanto a maioria absoluta dos venezuelanos chora copiosamente a “morte” de Hugo Rafael Chávez Frías não existe quem a esteja comemorando. Entretanto, não me iludo. Apesar de ser um homem de paz que nunca revidou com violência a violência que sofreu nos idos de abril de 2002, Chávez era odiado com fervor por uma minoria.
Seus inimigos não o combateram por seus defeitos, que, como qualquer ser humano, deveria ter muitos. Não, não. Ele foi combatido por suas qualidades, porque sua obra – que ultrapassou as fronteiras de seu país – tornou o mundo mais justo e a vida dos compatriotas desvalidos menos penosa.
Foi chamado de “ditador”, mas nenhum governante das três Américas jamais se apresentou tantas vezes ao voto popular limpo e inquestionável quanto ele. De 1999 até o ano passado, incontáveis foram as eleições que venceu sem que nunca um só questionamento à lisura dos processos eleitorais que lhe deram as vitórias tenha sido sequer levado a sério.
Chávez logrou fazer da Venezuela a campeã das Américas em redução da pobreza e da desigualdade social. Sua obra social, como não podia ser atacada por conta de êxitos como o de tornar o seu país o segundo da América Latina, ao lado de Cuba, a extirpar a chaga do analfabetismo, foi ignorada pela mídia internacional e até pela venezuelana.
Nunca me esquecerei de uma viagem que fiz à Venezuela em 2007, quando fui a um dos morros que cercam Caracas e, em visita ao uma unidade do programa social de Chávez que acabou com o analfabetismo, vi adolescentes e até adultos recém-alfabetizados estudando a constituição do país.
Mas a obra de Chávez extrapolou as fronteiras de seu país natal. A revolução bolivariana se espalhou pela América Latina. Sua influência mais forte tem sido sentida na Argentina, na Bolívia e no Equador, com um modelo revolucionário que reformou constituições e democratizou a comunicação de massas.
Perto da redução da pobreza, da miséria e da desigualdade que Chávez promoveu, a que conseguimos no Brasil, em comparação proporcional, não lhe chega nem aos pés. Isso porque, com risco da própria vida e sacrificando a paz pessoal, ele comprou brigas com poderes imensuráveis que, se não tivesse comprado, teria tido uma vida mais fácil no poder.
Dolorosamente, a morte física de Chávez será explorada de forma nauseabunda por multibilionários das mídias de ultradireita que infestam esta parte do mundo. Tentarão culpa-lo pela própria morte. Em lugar de destacarem sua obra, destacarão o processo sucessório na Venezuela.
A esses, digo que se antes tinham poucas chances de derrotar esse herói latino-americano, esse verdadeiro patrimônio da humanidade, agora suas chances são nulas, morreram fisicamente com ele, que acaba de renascer. Hugo Rafael Chávez Frias renasceu, chacais da miséria humana. Tornou-se um mito que os assombrará até o fim dos tempos.
Morto fisicamente, Chávez adquiriu poderes que nem todos os editoriais, colunas, telejornais ou reportagens mal-acabadas da Terra conseguirão equiparar. Sua verdadeira história só agora começará a ser contada às gerações futuras, mostrando que quando um homem devota sua vida ao bem comum como ele fez, torna-se imortal.
Descanse em paz, Hugo.
Copiado do blog da Cidadania Eduardo Guimarães