O surgimento do homem, os primeiros agrupamentos sociais e o aparecimento das famílias.
As
teorias sobre a origem do homem são relativamente recentes, só
apareceram no final do século XIX e até hoje estão em constante
alteração, sobretudo, devido a descobertas que costumam alterar a
opinião dos estudiosos do tema.
Pensar
a evolução das espécies só tornou-se possível depois da revolucionaria
teoria do inglês Charles Darwin, publicada na obra A origem das espécies em 1859.
Polêmica
até os dias atuais, ainda combatida pelo chamado criacionismo, Darwin
sustentou, com base em observações empíricas na ilha de Galápagos
(Equador), que a vida está em permanente adaptação com relação ao meio e
a luta pela sobrevivência.
Para
ele, a lei do mais forte comanda o processo de evolução, aglomerando-se
com o processo de seleção natural, dentro do contexto da teoria da
evolução das espécies.
Segundo
a qual, somente os mais fortes, os mais adaptados, sobrevivem, enquanto
mutações genéticas garantem vantagens que alteram características
físicas das espécies.
Neste sentido, o estudo de fósseis e vestígios arqueológicos permitiu traçar uma linha evolutiva da espécie humana.
Os
profissionais responsáveis por estes estudos são paleontólogos,
arqueólogos e antropólogos, embora historiadores também contribuam com
analises sobre os indícios encontrados.
Mais
recentemente, geneticistas se juntaram a equipe de estudiosos do tema,
colaborando com o rastreamento das origens do homem, chegando até a Eva
Genética, a mulher da qual todos descenderíamos, pertencente já aos Homo
Sapiens.
No entanto, antes dela a espécie humana teve outros ancestrais.
O Ramapithecus e a polêmica da ramificação da espécie.
Até
recentemente, acreditava-se que o ancestral mais antigo do homem era o
Australopitecus, cujo nome significa macaco do sul, um fóssil descoberto
no sul da África em 1924.
Segundo
livros didáticos ainda em uso, este primata teria aparecido há
aproximadamente 1 milhão de anos, caracterizando-se por possuir cérebro
um pouco maior que seus parentes, postura ereta, melhor visão e maior
habilidade com as mãos.
O
que teria permitido manipular instrumentos como varas para derrubar
frutas, além do desenvolvimento de habilidades sociais que
possibilitaram a vida em grupo.
Trata-se de Lucy, um Australopitecus com 3 milhões de anos.
Mudanças mais radicais ocorreram com descobertas no inicio do século XXI, originando outra teoria.
A
qual defende a idéia que o Australopitecus é um primo distante do homem
moderno, uma ramificação a partir de um ancestral comum.
Segundo
esta hipótese, o Australopitecus não seria um ancestral do homem, até
porque encontraram ramificações que dividiram o dito Australopitecus em
subespécies tal como Africanus e Boisei, as quais terminaram também
extintas.
Na
realidade, o Australopitecus e o Homo Habilis, este último nosso
ancestral direto mais antigo, conviveram na mesma época, há cerca de 3
milhões de anos até aproximadamente 1 milhão de anos.
Ambos descendem do Ramapithecus, um primata que surgiu há 12 milhões de anos, em diferentes regiões da África, Europa e Ásia.
Trata-se de um primata de pouco mais de um metro de altura, que viveu em florestas e savanas e que foi se tornando bípede.
Era dotado da habilidade de atirar objetos para espantar predadores e carregar as crias.
Porém,
conforme se adaptou para caminhar, perdeu a habilidade de agarrar com
os pés, o que impediu os bebês de grudar na mãe com as quatro patas,
fazendo desenvolver a postura ereta para liberar as mãos para o
transporte das crias.
Ocorreram
mutações que, pelo processo de seleção natural, originaram o
Australopitecus e o Homo Habilis, muitas vezes confundidos nos livros
didáticos como a mesma espécie, utilizados erroneamente como sinônimos.
Porém,
existe mais de uma ramificação a partir do Ramapithecus que torna o
quebra cabeças mais complexo e desorganizado, pois, em 1891, foi
descoberto na ilha de Java o Pitecantropus.
Um
homínida que apareceu há cerca de 750 mil anos, cujo nome significa
macaco em pé, o qual antes acreditava-se descender do Australopitecus,
mas que na realidade está em uma linha evolutiva paralela.
Atualmente,
a opinião mais aceita diz que o Pitecantropus é apenas mais um primo do
Homo Habilis, tendo como ancestral comum o Ramapithecus.
Um
fóssil, descoberto na China em 1921, permitiu observar que o
Pitecantropus evoluiu, originando o Sinantropo, um primata de postura
ereta, cérebro maior que seu antecessor e que conhecia o uso do fogo.
É
provável que o Australopitecus, Pitecantropus, Sinantropo e Homo
Habilis representem mutações do Ramapithecus que conviveram em grupos
rivais, disputando espaço.
A espécie mais apta sobreviveu e sobrepujou as demais, no caso o Homo Habilis, as demais se extinguiram.
Entretanto,
por volta de 1 milhão de anos surgiu o Homo Erectus, descendente direto
do Homo Habilis, um hominídea fisicamente não muito diferente de nós,
de aspecto robusto e forte, com cabeça achatada e maxilar saliente.
Este ser conhecia o fogo e vivia em grupos, possuindo noções de convivência social mais elaboradas.
Provavelmente
foi empurrado por mudanças climáticas, iniciando uma migração em massa
para a África, onde os sobreviventes da jornada originaram o Homo
Sapiens há 500 mil anos.
Nascia
o homem moderno, com todas as características que temos hoje, mas sem
os mesmos hábitos ou modos de se relacionar entre si e com a natureza.
O Homo Sapiens sofreu uma mutação mal sucedida entre 100 e 65 mil anos, fazendo surgir na Europa o Neandertal.
Um
hominídeo com cérebro menor que o Homo Sapiens, mas maior que o Homo
Erectus; porém com grande força física e conhecedor do uso de lanças e
machados de pedra lascada.
Este
realizava ainda um tipo de culto aos mortos, colocando enfeites e
alimentos nos túmulos, para que o morto pudesse utilizar em outra vida.
O
Neandertal simplesmente desapareceu há 50 mil anos, possivelmente se
misturou com o Homo Sapiens, visto que alguns de nós possuem traços
genéticos que remetem a eles.
Seja
como for, o homem moderno se tornou uma praga, transformando a natureza
com fins a sua sobrevivência, espalhando-se pelo planeta e se
multiplicando.
O povoamento do planeta pelo Homo Sapiens.
Depois
que o Homo Erectus migrou para a África, originando o Homo Sapiens há
500 mil anos, segundo a teoria mitocondrial, permaneceu no continente
por 300 mil anos.
Só
iniciou uma nova aventura migratória há 200 mil anos, quando o nível
das águas começou a baixar, permitindo, inicialmente, ir para o sul do
continente africano.
Depois, por volta de 100 mil anos, atravessou o mar Vermelho, quando então era possível cruzá-lo a pé, indo para o Oriente Médio e para a região da Índia.
Há 55 mil anos navegou até a Oceania, chegando até a Austrália, ao mesmo tempo, espalhando-se pela Ásia Central.
Até então, é provável que a última era glacial tenha impedido a migração para a Europa.
Isto,
a despeito da teoria eurocêntrica que afirma que a África é o berço da
humanidade e que a primeira migração do continente teria sido para a
Europa, ao invés da Ásia.
Entretanto,
vestígios arqueológicos e o estudo genético provaram que a migração
para a Europa é bem mais recente, remonta há 55 mil anos, em algumas
regiões ocorreu somente há 30 mil anos.
Já a migração para a América teria ocorrido entre 40 e 100 mil anos, coexistindo duas teorias que explicam como aconteceu.
Segundo a teoria do povoamento pela ponte do Estreito de Bering, entre 40 e 30 mil anos, a passagem entre o norte da América e da Ásia era mais estreita.
O nível do mar era pelo menos 120 metros mais baixo, além de existir uma provável faixa formada por água congelada.
O que teria permitido cruzar a distância a pé ou navegando curtas distâncias.
Outra
teoria, defendida por cientistas do Museu do Homem em Paris e já
recriada por arqueólogos, afirma que o homem teria migrado a partir da
Oceania, navegando em embarcações primitivas, indo de ilha em ilha até
chegar a América, um processo que teria demorado 6 mil anos.
Atualmente,
as duas teorias são aceitas, sendo provável que os dois processos
ocorreram simultaneamente, ao passo que o povoamento da América teria se
dado tanto pelo norte como sul do continente.
Posteriormente, migrações para o sul e norte terminaram de povoar toda a América.
Neste
sentido, o fóssil humano mais antigo do continente teria no máximo 20
mil anos, chamado pelos paleontólogos como Luzia, o qual foi encontrado
na América do Norte.
Por sua vez, segundo Pedro Paulo Funari, na América do Sul, o esqueleto mais antigo teria por volta de 12 mil anos.
Entretanto,
a arqueóloga brasileira Nède Guidon encontrou vestígios que não se
enquadram neste grande quebra-cabeças na Serra Capivara, no Piauí.
Trata-se
de restos de uma fogueira (carvões e artefatos de rocha lascada) que
datam de 50 mil anos, além de pinturas rupestres com pelo menos 40 mil
anos.
Diante destas descobertas, todas as teorias, ou pelo menos sua datação, sobre o povoamento da América, poderiam ser contestadas.
Alguns
estudiosos passaram, inclusive, a defender o inicio da América há 100
mil anos, quando a última era glacial teria facilitado a passagem a pé.
O
que faz com que seja plausível a chegada do homem à América por várias
passagens, incluindo sua migração direto da África, passando pelo
Atlântico, quando o nível do oceano estava mais baixo, com grandes
extensões de água solidificada pelo frio.
Destarte,
esta teoria é controversa, não podemos esquecer que existem questões
políticas, ideológicas, sociais e culturais envolvidas.
O
predomínio de uma visão eurocêntrica, dificilmente permite aos
pesquisadores admitir um povoamento da América quase ou mais antigo que o
asiático ou europeu.
É
o mesmo tipo de questão que, por exemplo, faz as civilizações nativas
da América serem tratadas como primitivas, embora, em vários aspectos,
sejam superiores aos europeus do século XV e XVI.
Em
todo caso, seja qual for a datação ou percurso da migração do homem
pelo planeta, cabe perguntar: o que teria motivado o deslocamento destes
grupos humanos?
Uma explicação convencional diz que mudanças climáticas, a migração da caça, teriam feito os homens buscarem novos territórios.
Outra explicação afirma que a explosão demográfica tornou alimento escasso e forçou a migração humana.
No
entanto, Jaime Pinsky forneceu uma hipótese mais original que não anula
as anteriores, para ele a migração humana aconteceu devido ao espírito
de aventura.
A natureza humana, a curiosidade de explorar e saber o que está além, foi o que moveu o homem a migrar cada vez para mais longe.
Os primeiros agrupamentos sociais.
Desde 1 milhão até 10 mil anos atrás, os grupos hominídeas foram basicamente compostos por caçadores, pescadores e coletores.
O que exigiu uma organização social para coordenar os esforços de caça, com uma divisão de tarefas pelo sexo e idade.
As mulheres coletavam frutas e raízes, cuidando dos filhos, amamentando a criança até que desse a luz ao próximo rebento, em um espaço estimado em quatro anos, tratando também do preparo dos alimentos.
Os homens caçavam e pescavam, perseguindo animais em grupo, preparando artefatos para facilitar a caça, como lanças e machados de pedra.
Aos
caçadores cabia a distribuição da carne, feita através de longos
rituais, influenciada pelo grau de parentesco, alianças e devolução de
favores.
O
caçador mais forte liderava o grupo, enquanto os mais velhos formavam
um conselho também destinado a ensinar os mais jovens, ou eram deixados
para morrer quando representava um fardo para o grupo, isto porque os
homens eram nômades, migrando atrás da caça e pesca.
Estes
primeiros grupos sociais, segundo vestígios arqueológicos, não eram
superiores a trinta indivíduos, fixando-se provisoriamente em cavernas
ou habitações construídas com material local.
Sempre
próximos a fontes de água doce, tal como rios, ou então em locais
elevados para facilitar a visualização de predadores e grupos rivais.
Viveram na época que chamamos de pré-história, o período anterior a invenção da escrita, entre 4 e 3 mil anos antes de Cristo.
Isto
porque é um período considerado anterior a história propriamente dita,
já que não existem relatos escritos sobre a vida destes grupos, somente
vestígios arqueológicos que permitem a penas suposições.
Dentro
da pré-história, o espaço de tempo que vai da origem do homem até 12
mil anos é chamado de Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada.
O inicio da sedentarização da humanidade e a invenção da agricultura é chamado de
Mesolítico ou Nova Idade da Pedra, a Idade Média da pré-história.
Mesolítico ou Nova Idade da Pedra, a Idade Média da pré-história.
Um
período de transição com novas técnicas e instrumentos surgindo,
convivendo com e velhos hábitos e práticas, delimitado entre 12 até 10
mil anos, embora alguns autores delimitem seu fim nos 6 mil anos.
Entre 10 e 4 ou 3 mil anos, acorreu a Revolução Neolítica (Período Neolítico), quando o homem se tornou sedentário, fixando-se em aldeias próximas a fontes de água e terras férteis.
Iniciou-se então a domesticação de plantas e animais, com a agricultura e o pastoreio.
As primeiras espécies vegetais domesticadas foram grãos, cereais e raízes; tal como milho, trigo, cevada, arroz e batata-doce.
Ao passo que os primeiros animais domesticados foram cães, cabras, bois, camelos e dromedários.
Em
pouco tempo, o homem aprimorou técnicas de construção de moradias,
criando peças de cerâmicas para armazenar alimentos e servir como
decoração.
Simultaneamente,
começou a aperfeiçoar instrumentos agrícolas, o que gerou excedente e
possibilitou o inicio do comércio, forçando o aparecimento de novas
tecnologias para o transporte das mercadorias.
Foi
dentro deste contexto que a roda foi inventada há cerca de 5 mil anos,
apesar de no inicio sua utilização se restringir para fazer cerâmica,
portanto usada na horizontal.
De
qualquer forma, durante o Neolítico, também chamado Idade da Pedra
Polida, a sedentarização trouxe mudanças significativas na organização
social, cultura e religião.
Os
agrupamentos humanos se tornaram mais numerosos, comportando uma
explosão demográfica que originou as primeiras cidades e,
posteriormente, as primeiras civilizações.
Este
aumento das populações humanas criou rivalidade entre grupos humanos,
fazendo nascer a figura do guerreiro e organizações militares para
proteger ou tomar recursos e terras.
Neste sentido, a divisão de tarefas continuou obedecendo uma dinâmica conforme sexo e idade.
Onde aos homens cabia preparar a terra para o cultivo e ará-la, cuidando também da caça e pesca, servindo como guerreiros.
As mulheres, além das tarefas domésticas e do cuidar dos filhos, passou a caber a rotina da lavoura e a colheita.
Aos mais jovens, principalmente do gênero masculino, era atribuída a tarefa de pastoreio de animais de pequeno porte.
Os
mais velhos deixaram de ser abandonados para morrer, passaram a gozar
de maior prestigio, compondo conselhos que decidiam os destinos do grupo
e guardando e preservando a memória oral.
No
aspecto cultural e religioso, mitologias nasceram para tentar explicar
os fenômenos da natureza e padronizar comportamentos, quando apareceram,
primeiro, o culto dos antepassados e, depois, a figura dos deuses.
As mulheres passaram a ser vistas como seres sagrados, detentoras do dom da vida.
Para
cultuar e simbolizar a religião e a política, começaram a ser
esculpidas estatuas, inicialmente, ligadas ao culto da fertilidade.
Igualmente,
foi aperfeiçoado o culto funerário e a preservação da memória dos
antepassados, algo vinculado com o surgimento do sentimento de família.
O conceito de família.
Embora,
em geral, a família tenha origem em um fenômeno biológico de
conservação e reprodução da espécie, o conceito envolve questões
vinculadas a aspectos sociais que interferiram diretamente na evolução
humana.
A
família sofreu consideráveis modificações ao longo da história,
regulando as interações sociais e cunhando preceitos morais e éticos,
fomentando leis e normas.
No entanto, o conceito de família, independente de suas variações, é basicamente o mesmo desde os primórdios da humanidade.
Segundo
Murdack, família é “um grupo social caracterizado pela residência em
comum, com cooperação econômica e reprodução”, um conceito bastante
elástico.
Para
Mair, família é “um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem
juntos”, uma concepção mais restrita e hoje colocada de lado pela
maioria dos antropólogos.
Para Beals e Hoijer, família é “um grupo social cujos membros estão unidos por laços de parentescos”.
Outro
conceito aparentemente estreito, mas que, diante da elasticidade do
estabelecimento de graus de parentescos artificiais, admitidos como
possíveis pela antropologia, esta concepção torna-se ampla.
Em
outras palavras, qualquer que seja a linha teórica, a verdade é que
todos os conceitos se encaixam na seguinte definição de família:
Família
é todo conjunto de pessoas unidas por interações sociais com certo grau
de coesão entre seus membros, com graus de parentesco artificiais ou
concretos, declarados ou ocultos, com ou sem ligação genética.
Hoje,
apesar de no passado já terem sido registrados casos semelhantes ao
longo da história da humanidade, a família pode tanto ser constituída
por pais e filhos, como por um conjunto de amigos, onde cada membro
assume uma função social perante os demais.
Tipos de família.
Dentro
do âmbito da amplitude do conceito de família, para a antropologia
existem algumas classificações tipológicas que visam ajudar o estudo.
Assim,
pensando nas diferentes maneiras como se organizam ou estruturam os
grupos, variáveis no tempo e espaço, a família pode ser classificada em
cinco tipos:
1. Elementar.
Também
chamada de nuclear, natal-conjugal, simples, imediata ou primaria; é
aquela formada por pai e mãe, homem e mulher ou aqueles que assumem a
vida conjugal monogâmica, podendo ser um casal de dois homens ou duas
mulheres.
Fazem parte deste tipo de família, além do casal, também os filhos, quer sejam gerados biologicamente ou agregados ao grupo.
A
despeito de, até pouco tempo atrás, só ser considerado como pertencente
a este tipo de modelo a família patriarcal tradicional com laços
sanguíneos.
Não
obstante, a família elementar, do ponto de vista antropológico, é
considerada efêmera, pois à medida que os filhos crescem, constituindo
novas famílias, o grupo diminui e, eventualmente, tende a desaparecer
com a morte dos pais.
Sobrevive, com raras exceções, não mais que duas ou três gerações.
2. Extensa.
Também
chamada grande, é uma unidade formada por duas ou mais famílias de tipo
elementar, com grau de parentescos mais complexos, envolvendo avós,
tios, sobrinhos, primos, afilhados e até agregados.
No
entanto, a unidade nuclear, com pai e mãe, ou aqueles que exercem a
função, é bem definida e nítida, admitindo apenas relações monogâmicas
entre cônjuges.
3. Composta.
Também chamada complexa ou conjunta, é uma unidade formada por três ou mais cônjuges e seus filhos, com estrutura poligâmica.
É um modelo oriental de família, existente desde os primórdios da humanidade e muito comum em sociedades matriarcais
4. Conjugada Fraterna.
Refere-se a uma unidade composta por membros que compartilham funções, não existindo a presença rígida de pai e mãe.
Ora um membro do grupo exerce o papel de pai, ora de irmão ou filho, tudo depende do contexto e do momento.
Um
bom exemplo são as sociedade indígenas, onde a criança é de
responsabilidade de toda a tribo, embora existam funções delimitadas por
sexo e idade.
Nas
sociedades modernas, diante da ausência do real ocupante da função
exercendo a mesma, existe uma tendência a sempre alguém ocupar o lugar
vago, mesmo que temporariamente.
5. Fantasma.
Consiste em uma unidade formada por apenas um elemento nuclear, pai ou mãe, e o chamado fantasma, além dos filhos.
Isto,
mesmo no caso de pai ou mãe vivos, mas ausentes, pois quando a função
não é desempenhada, pelo menos em um aspecto, o elemento torna-se um
fantasma.
Funções da família.
Dentre
as diversas funções da família, as quais tem variado através dos
séculos, os estudiosos apontam quatro básicas e quatro subsidiárias.
As funções básicas, também chamadas de fundamentais, são encontradas em todos os grupos humanos, sendo elas:
1. Sexual.
Atende as necessidades sexuais permitidas por meio da institucionalização da união ou casamento.
2. Reprodução.
Visa
perpetuar a espécie, mesmo em sociedades onde há liberdade sexual, a
procriação é regulada com normas e sanções que legitimam a família.
3. Econômica.
Assegura
o sustento e proteção do grupo, conduzindo a divisão de tarefas e a
estratificação, com status diferenciados entre os membros.
4. Educacional.
O
grupo, através da coesão, arca com a responsabilidade de transferir os
conhecimentos acumulados pela humanidade de geração em geração, criando
condições para que exista uma cooperação entre os membros.
O que torna, teoricamente, a vida em sociedade possível.
Portanto,
as funções básicas da família podem ser desempenhada de várias
maneiras, dentro dos mais diversos sistemas culturais, moldando as
personalidades individuais.
Como agente educador, a família pode combinar duas funções especificas:
1. Socializadora.
Na
medida em que transmite a herança cultural e social durante os
primeiros anos de vida (linguagem, usos, costumes, valores e crenças), a
família é peça essencial no processo de endoculturação, preparando a
criança para o ingresso na sociedade.
2. Social.
Proporciona
a conquista de diferentes status dentro da estratificação social, tal
como o posicionamento étnico, nacional, religiosa, político, educacional
e até de classe.
Além
destas divisões, alguns autores classificam quatro funções
subsidiárias, apesar de outros afirmarem que perderam sentido na
sociedade moderna.
No entanto, cabe ressaltar que, diferente das funções básicas, as subsidiarias não existem em algumas sociedades.
Estas funções subsidiarias podem ser assim divididas:
1. Religiosa.
Une seus membros através de uma rede de direitos e proibições morais, estabelecendo laços afetivos e sentimentais.
2. Jurídica.
Impõem obrigações definidas entre os membros, mas também direitos.
O que garante a reprodução do sistema econômico e político vigente, assim como a manutenção do status individual.
3. Política.
Propicia proteção potencializando apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas.
Neste
sentido, reforça a saúde física e mental do individuo, constituindo um
recurso para lidar com situações associadas à vida em comunidade.
4. Recreativa.
Constitui uma válvula de escape para as tensões fora do grupo, um elemento de fuga do stress.
Embora
esta válvula de escape, desvinculada da função religiosa e associada a
outros fatores, possa conduzir a violência domestica.
Casamento e família.
Freqüentemente associada ao casamento, para entender a família integralmente, é necessário discutir o união entre cônjuges.
Na sociedade, em geral, existem duas formas de relação, do ponto de vista antropológico, entre seres humanos: união e casamento.
Tradicionalmente, a união consiste no ajuntamento de indivíduos do sexo oposto sob influencia do impulso sexual.
Modernamente, a união também pode ser caracterizada pelo ajuntamento também entre indivíduos do mesmo sexo, contanto que exista influencia de impulso sexual.
De
qualquer forma, a união não estabelece necessariamente direitos e
obrigações e, do ponto de vista antropológico, não constitui
obrigatoriamente uma família.
Para que isto aconteça é necessário o reconhecimento dos envolvidos e da sociedade.
Entretanto, a união pode conduzir ao matrimonio ou casamento, quer seja reconhecido ou não religiosamente ou pelo Estado.
O
que caracteriza o casamento é, justamente, a união orientada para a
constituição da família, implicando em costumes complexos e o
estabelecimento de laços afetivos mais estreitos, quer dentro da
monogamia ou da poligamia.
Assim,
o casamento ou a união é a base para a construção da família e seu
principal elemento agregador, podendo comportar múltiplas soluções e/ou
problemas que afetam todos os seus membros.
Família e escola.
Existe,
em quase todas as sociedades, uma tendência para que certos aspectos do
adestramento das crianças sejam assumidos por agentes externos à
família, tal como a escola.
O
grande problema é que o saber escolar, muitas vezes, distancia-se da
realidade, impedindo a assimilação democrática do conhecimento,
excluindo e limitando o acesso ao saber.
A
escola é uma instituição, como tal possui normas e padrões, impostos
por aqueles que controlam o sistema educacional, dentro do âmbito do
fordismo, acarretando em problemas como a questão da “violência
simbólica”, discutida por Bourdieu e Passeron.
Portanto,
embora a sociedade transfira, cada vez mais, responsabilidades da
família para a escola, cabe lembrar que somente a primeira constitui um
grupo primário.
A escola é um grupo secundário e nunca poderá substituir a família na educação das crianças.
Concluindo.
A
história da humanidade remonta aos seus antepassados mais remotos há 12
mil anos atrás, desde então um longo caminho foi percorrido até os
nossos dias.
Entretanto,
a aceleração material e cultural humana só começou com a invenção da
escrita, cerca de 4 ou 3 mil anos antes de Cristo, embora a evolução
tecnológica só tenha assumido um ritmo mais rápido a partir do século
XVIII e ainda mais desenfreado na segunda metade século XX.
Entretanto,
a despeito deste fato, o sentimento de família sempre foi o mesmo desde
os primórdios da origem da instituição, mas no século XXI passou a
sofrer constante modificação.
O
que remeteu o que antes era considerado papel da família para dentro da
escola, gerando inúmeros problemas, já que instituições educacionais
não estão preparadas para cumprir o que a sociedade erroneamente espera
dos profissionais da educação.
Seja
qual for o problema, a resolução não está apenas no tratamento do
educando, mas sim na orientação familiar, principalmente para que assuma
suas responsabilidades.
O vinculo dos sujeitos com a família é essencial para um desenvolvimento coerente.
O
problema do individuo pode ser, na realidade, um problema de sua
família, podendo, inclusive, agravar situações em um efeito em cascata
transposto para a sociedade.
Por
outro lado, trabalhar com a família, permite ao profissional da
educação realizar verdadeiramente uma profilaxia, uma prevenção do
agravamento de problemas já existentes.
Para
solucionar as questões que diariamente se colocam aos educadores,
dentro da escola, talvez devamos pensar em retomar alguns aspectos do
ensino tradicional, só assim será possível auxiliar o educando na
passagem da heteronomia para a autonomia.